domingo, 3 de janeiro de 2016

Alguns seriados de 2015...

*Porque é sempre bom falar sobre séries. 

 

 

Don Draper cansou da vida corporativa e nos tornou pessoas diferentes no final de Mad Men










Foram fins de semana difíceis. Deixamos de lado nossos amigos, família e toda uma vida linda lá fora. Deixamos de nos molhar na chuva (argh!), correr em parques e postar no Snapchat o quanto corremos, ou tirar fotos enquanto conhecemos lugares novos. Ah e claro, deixamos de aproveitar nosso tempo aqui na terra, mas nesse caso foi por um bom motivo.

Vimos séries. E vimos muitas. E o melhor: foi bom, barato e não precisamos nos enganar tentando mostrar vidas sociais ativas para os outros. Trocamos as rodas de conversas sobre ser homens e mulheres no ano passado, por rodas de conversa no Twitter sobre quem era o personagem de Colin Farrell na segunda temporada de True Detective, ou pura e simplesmente quem era quem naquela teia louca de eventos disparados. Outra pergunta recorrente era quem era esse ator chamado Rami Malek? E quem era o tal do Mr. Robot?

Se nos perguntassem assuntos que não fossem séries poderia soar como uma ofensa até. "O que você acabou de me dizer que você não assiste Game of Thrones?".  A amizade acabaria de sofrer um golpe grave demais ali. Relações humanas em 2015 passavam portanto pelo filtro, "você assiste séries? E quais são?"

Enfim, diante desse novo modo dos seres humanos interagirem aqui eu despejo o que pra mim foram as 15 maiores séries. Aquelas em que se você ainda não viu, me faça o favor de deixar de me seguir nas redes sociais e me esquecer tipo pra sempre.


 

Girls (HBO)


Hannah passou por poucas e boas na quarta parte da série.
 A situação é a seguinte. A protagonista Hannah (Lena Dunham) vai sair de Nova York. Ela vai aperfeiçoar sua carreira de escritora num workshop em Iowa. A relação dela com o namorado Adam também mais conhecido em 2015 como Kylo Ren já que é o mesmo ator (Adam Driver) vai de mal a pior, assim como o relacionamento com suas amigas e revelações sobre a sexualidade do seu pai. Série mais que bem escrita pela mesma atriz protagonista, uma daquelas obras que te faz perceber que a vida de garotas e garotos próximos da idade de virarem adultos não é fácil. É dura, injusta e insensível, mas faz parte.



 Parks and Recreation (NBC)

A série hilária chega ao fim.
Fomos parar em 2017. Leslie Knope (Amy Poehler) se torna uma das politicas mais importantes dos EUA ao lado do seu marido Ben Wyatt (Adam Scott). Vemos os personagens, os lugares e todos que um dia passaram pela série se despedindo. Para os que não viram as outras seis temporadas, já que estamos aqui na sétima temporada, vale a pena ver essa temporada pelo clima de despedida que abraça os 14 episódios, participações de Bill Murray. Com um humor que é ingênuo, mas nem por isso menos criativo, foi uma das melhores criações da TV americana pelos lados da comédia nos últimos anos.  




 The Jinx, The Life and Death's of Robert Durst (HBO)

A mesma letra em cartas diferentes cartas. O monstro se contradiz.
 Para quem assistiu o filme "Entre Segredos e Mentiras" (2010, All Good Things, titulo original) descobriu a figura de Robert Durst. Um milionario herdeiro de uma das maiores fortunas dos EUA, de onde boa parte dos prédio de Manhattan pertencem a sua familia desde a muito tempo. A série desvenda sua infância traumática, sua primeira esposa desaparecida de forma pouco convincente, os crimes confessos e os em que ele é acusado. Entre os crimes estão os contra um senhor no Texas e sua melhor amiga no passado que sabia demais. O diretor e produtor Andrew Jarecki desvenda numa série de seis episódios a mente diabólica de forma ágil, dinâmica e inteligente. E o melhor da série que não poderia ficar melhor, ainda apresenta um desfecho inesperado que leva o Sr. Durst de volta a prisão em que havia escapado no passado, usando seu dinheiro e poder.




Wayward Pines (Fox)


O medo nunca esteve tão próximo e real.
Um certo momento passa e o agente do Serviço Secreto Ethan Burke está distante de sua família em um vilarejo asssustador depois de um acidente. Com o passar do tempo, ele que estava a procura de dois agentes desaparecidos descobre algo muito mais difícil de entender racionalmente. Sua esposa e filho aparecem e tudo começa a ficar mais estranho. M. Night Shyamalan volta a fazer excelentes historias, depois de recente fracassos no cinema. O desfecho é totalmente imprevisível. Destaque para o ator Toby Jones.



  
BoJack Horseman (Netflix)

Uma série sobre a vida do ator da antiga série "Horsin' Around"
 O cavalo mais humano volta com o seu peculiar humor e tiradas geniais sobre a vida de uma celebridade em Los Angeles. BoJack Horseman vai viajar os EUA, interpretar o papel dos seus sonhos, conhecer uma nova garota, entretanto o seu vazio por dentro parece deixa-lo fora de sintonia. As vozes de Will Arnett (BoJack), Aaron Paul (Todd), Alison Brie (Diane) e Amy Sedaris (Princess Carolyn) são perfeitas demais para os desenhos, o roteiro divertidíssimos e tão reais que nos faz sentir que parte de nós poderia estar nesses personagens. Ícone da cultura pop em 2015. Nunca ouviu falar de BoJack Horseman? Sai da minha frente.




Ballers (HBO)

The Rock é a grande surpresa dessa série sobre futebol americano.
O local é Miami. Os maiores nomes da NFL (Liga Nacional de Futebol Americano), que jogam nos Dolphins vivem regrados a dinheiro, carros de luxo e mulheres. Festas são parte da rotina dos personagens dessa série, entretanto muitos sofrerão tentando manter o luxo e o conforto. É ai que o personagem de The Rock, Spencer Strasmore entra. Ele foi um grande jogador e agora trabalha para uma agencia para cuidar de outros jogadores. Como uma espécie de versão para o 'american football' da antiga série também da HBO, 'Entourage',a sensação que nos traz é de uma visão sem pudores do universo dos atletas, da falta de um projeto pós futebol para uns, à preocupação com a saude que as batidas podem causar.


 


Jessica Jones (Netflix)


O vilão Killgrave é quem dá as cartas.
A segunda empreitada da Marvel junto com a Netflix foi a adaptação de uma personagem desconhecida do publico. Jessica Jones surge da série de HQ's Alias, numa trama densa e sombria. Ela é uma detetive que vive de trocados numa Nova York suja e cheia de bandidos. Um deles na realidade é um psicopata com traumas familiares. O melhor nessa série é o vilão Killgrave (David Tennant). Sua capacidade de controlar mentes torna tudo imprevisível. Não tem um só instante em que os personagens da série não corram perigo. O roteiro é bem coeso e a personagem é tudo aquilo que uma mulher deve ser: sem medo de homens valentões. 




Mr. Robot (USA)

 
Power to the people.


Fomos convidados para entrar na mente de Elliot. Um hacker de 20 e poucos anos que faz terapias dado ao seu comportamento. Ele tem como hobby bisbilhotar a vida alheia. Ele trabalha numa empresa chamada AllSafe que presta serviços de suporte tecnológico para a Evil Corp. uma das maiores empresas do mundo. Isso até ele ser surpreendido pelo Mr. Robot e seu time de hackers. A missão destes é derrubar todo o sistema financeiro e eliminar as dividas dos pobres. A trama é engenhosa e tem uma fotografia incrivel. Os dialogos e os pensamentos de Elliot são fora de série. A semelhanças com o Clube da Luta são bem presentes nos desfechos o que torna tudo muito mais intrigante. Até mesmo na ultima cena não há desfechos, mas sim mais suspenses.




 Show Me a Hero (HBO)


Ao som de Bruce Springsteen...

Essa é uma minissérie baseada em fatos reais que conta a história do ex-prefeito de Yonkers Nick Wasicsko, que esteve no poder em 1987, durante uma grave crise de moradias. Devido a uma decisão judicial, o municipio foi obrigado a construir edificios residenciais para pessoas de baixa renda, o que causou um alvoroço entre os cidadãos que moravam ali, boa parte de classe média e aposentados. O retorno a TV de David Simon, criador da série 'The Wire', como co-criador, junto da direção impecavel de Paul Huggis, diretor do vencedor do Oscar, Crash-No Limite, somada as atuações incriveis de Oscar Isaac, Winona Ryder e Alfred Molina fazem dessa minissérie imperdivel. Além da trilha sonora cheia de canções do 'boss' Bruce Springsteen, embalando o clima dos anos 80 na série.   





Master of None (Netflix)

Os amigos de Dev assistindo a série Sherlock. Genial.

 Não é fácil ser indiano em Hollywood. Os papéis estão sempre próximo dos clichês de personagens médicos, amigos engraçados, expert em tecnologia, etc. O que Dev (Aziz Ansari) quer é algo mais em sua carreira como ator. Algo mais em sua vida pessoal também, em seus relacionamentos e amizades. Somos todos Dev. Sentimos íntimos em seus fracassos na vida. Da trilha sonora, aos diálogos. Da arte conceitual da série que parece ser inspirada em filmes franceses (uma ode aos hipsters de hoje?), tudo lembra a sensibilidade de historias contemporâneas de 2015, das curtidas no Instagram, dos 'matches' no Tinder. É muito pessoal ver Master of None.





Fargo (FX)

Os vilões dessa série são muito bons.

 Os crimes que aconteceram em Fargo, em Luverne e em outras regiões mais uma vez foram infortúnios de pessoas simples que só queriam viver suas miseráveis vidas. "At the request of the survivors, the names have been changed. Out of respect for the dead, the rest has been told exactly as it occurred" (A pedido dos sobreviventes, os nomes foram alterados. Em respeito aos mortos, o restante foi contado exatamente como ocorreu.), diz a mensagem que logo abre a série e diz que os eventos foram baseados em historias verdadeiras. O que obviamente é uma forma dos irmãos Coen nos avisar (já que a história e essa frase de abertura pertencem ao filme dos anos 90 de mesmo nome) para prestarmos atenção na história surreal. Tudo é ficção, mas fica mais interessante se for real. O surreal. Nessa segunda temporada, a história se passa em 1979 onde temos um casal (Ed e Peggy, interpretados por Jesse Plemons e Kirsten Dunst) que se envolvem numa série de desventuras após Peggy atropelar um mafioso. O policial Lou Solverson (Patrick Wilson), aqui mais jovem do que na primeira temporada, junto com o policial Hank (Ted Danson) vão atrás do casal de criminosos. Brilhante enredo, fotografia e muito bem escrita. Através de uma garota que trabalha no açougue de Ed, fui introduzido à obra de Albert Camus, O Mito de Sísifo, onde uma pessoa é castigada ao árduo e rotineiro trabalho de rolar uma pedra morro acima até o topo, mesmo sabendo que no fim ela rolaria sozinha para baixo. Isso todos os dias. A morte é o que nos espera, nosso trabalho na terra é empurrar a mesma pedra. Tudo é em vão. Que série fantástica!


Outras séries incriveis de 2015...

 Narcos (Netflix), Silicon Valley (HBO), The Brink (HBO), Daredevil (Netflix), Game of Thrones (HBO), The Knick (Cinemax), The Leftovers (HBO), Bloodline (Netflix) e a ultima temporada de Mad Men (AMC). :´(



A incrivel arte conceitual da segunda temporada de The Leftovers.