sábado, 4 de agosto de 2018

"Your mission, should you choose to accept it..."

* "Your mission, should you choose/decide to accept it, ... As always, should you or any of your Force be caught or killed, the Secretary will disavow any knowledge of your actions. This tape/disc will self-destruct in five/ten seconds. Good luck."

5,4,3,2,1...

Mais uma missão aceita... (Em Fallout, 2018)



Tom Cruise para mim é mais do que um simples ator que ganha a vida ao representar a sua arte, e por meio dela divulgar aquilo que deseja transmitir. O seu método de realizar a sua arte não se encontra na expressão da transformação de um personagem ao outro, ao imergir no conteudo que transmite. Cruise se lança em um método de se esforçar ao máximo e entregar personagens únicos. Não vou ficar em uma retrospectiva e analisar cada papel. Vou ficar só com o Ethan Hunt. Porque esse filme me fez vibrar com a ficção, com o cinema como a arte de entreter. Nunca vi a série de TV "Mission: Impossible" (mas pretendo me lançar algum dia a conferir), mas em cada filme feito por Cruise sou sempre o mesmo garoto que deitava no carpete preto do quarto da minha avó diante de uma televisão que passava o primeiro da série de filmes, dirigido pelo grande Brian De Palma. Lembro de assistir ao filme de 1996, com roteiro de David Koepp e Robert Towne e história de Steven Zaillian e David Koepp e aos 6 anos de idade sair extasiado com o tema da série/filme onde não parava de cantarolar pela casa de minha vó. Queria me juntar ao IMF, queria ser um agente secreto. Correr por ruas escuras da Europa e beijar mulheres sedutoras. Recordo do quanto amei o primeiro filme.


Sai a alguns minutos atrás da sessão do mais recente filme de uma série (literalmente) de SEIS filmes. O grande ator norte americano hoje com 56 "fucking" anos nascido em Syracuse, Nova York volta ao mesmo papel, que agora traz uma cadeia de novas histórias ao redor do personagem. O que o filme me causou hoje foi o mesmo tipo de reação do primeiro filme. A taquicardia. Já tive sérias reflexões sobre isso. Tenho que parar de entrar no filme, mas é tentador ser Hunt. Mas por quê? O seu charme e senso de responsabilidade pelo mundo o faz parecer meio pateta as vezes, mas isso o torna único. Em "Efeito Fallout", o ator reprisa o papel ao lado de atores vindos de outros filmes da série. Ving Rhames, o eterno Luther é o maior sobrevivente da série. Simon Pegg vem do terceiro filme, assim como Michelle Monaghan, reprisando o papel respectivamente de Benji e Julia. O alter ego aqui é Henry Cavell, onde em missão anteriores na sequencia delas foi de Jon Voight, Dougray Scott, Philip Seymour Hoffman, a bela Léa Seydoux e o sueco Michael Nyqvist e perigoso Sean Harris, que ainda aparece no novo "Fallout". Todos os vilões fizeram um bom trabalho em expor o por que são do mal, onde em boa parte é o sentimento similar de destruir o mundo. Cliché que sempre funciona, onde os roteiros ageis e bem desenvolvidos dão lugar a uma trama sempre atraente e sedutora.



Recordo-me de um Natal ou ano novo onde passei sozinho na casa do meus pais, uns anos atrás e resovi pegar todos as hisórias para rever até o quarto filme. A taquicardia era recorrente, como se fosse possível eu não sair vivo daquela missão que eu aceitei. O primeiro filme é todo aquele desfile de belos cenários na Europa, aquele aquario se despedaçando. A cena mais clássica da série ainda é do primeiro filme, onde prova que quando De Palma quer criar um ambiente mítico e cenas de tirar todo o fôlego do seu corpo, ele consegue. E como um sádico ele cria lentamente. O segundo filme já é mais porra louca, com as já caracteristicas cenas de ação do diretor chinês John Woo. A bela Thandie Newton e o cabelo cumprido de Cruise são marcantes, assim como aquela cena no final de cortar o oxigênio onde ele salta em uma moto e faz as mais inacreditáveis perseguições do cinema. No terceiro, o melhor filme de todos para mim. JJ Abrams, recém saído daquela série sobre um avião que caí em uma ilha com muitos passageiros, aparece para pegar todo aquele recheio da série, dos filmes anteriores e dos filmes de espionagem e lança Cruise na mais absurda aventura. Nunca saio inteiro desse filme, sempre deixo uma parte da minha alma na sala. Não é para principiantes ou aqueles que sofrem de ataques subitos no coração. Philip Seymour Hoffman define o filme, que começa tão tranquilo para Hunt que depois quando a coisa toda degringola chega a dar pena dos perreiros que ele passa. E o quarto chamado de "Protocolo Fantasma" é uma ode aos filmes de espionagem, com direção do incrível Brad Bird, que se aventura aqui no seu primeiro filme live-action depois de fazer sucesso com os filmes de animação da PIxar. Mulheres lindas em vestidos cortantes da ponta da coxa até os pés, carros estupendos e toda aquela tranquilaria que só poderia existir em filmes de 007. Cruise salta em prédio de Dubai e novamente me tira o ar do corpo. Tão bom rever Ving Rhames aqui. Lembro da nostalgia de o ver desde aquele primeiro filme, onde o clima frio aqui dá lugar a um clima quente.



O quinto filme, "Nação Secreta" talvez peca por parecer ser um recorte de todos os filmes de espionagem em geral, mas nutre uma trama tão envolvente que impossivel não achar tudo sensacional. Com direção de Christopher McQuarrie (o mesmo sujeito que dirige o novo filme, "Fallout" e os filmes de Jack Reacher, também com Cruise). No novo filme, Ethan Hunt é "o mesmo velho Ethan, de sempre", como confessa Luther para Julia em dado momento. Ele é o cara que "get the things done" ("faz as coisas darem certo"), sempre pensando no melhor para os seus companheiros. O sujeito se lança em uma espiral de momentos que eu achei estar em algum experimento de apnéia. E o faço simplesmente por não ver outra alternativa, ao entrar dentro da história com tudo (sempre faço isso) e ver tudo naquele limiar do fim. A vibração de sentir o pulsar daquele sujeito que por seis filmes se lança com tanto afinco, correndo no alto dos seus 56 anos de idade, pulando, saltando, machucando e salvando a todos quando a faísca no fio de polvora está próximo da bomba. Quando o relógio do detonador corre nos 15 minutos e só é interrompido nos 0,1 segundos. Impossível é sair vivo de uma sessão de Missão Impossível, onde com muito orgulho, confesso ter sobrevivido a cada um deles, apesar das taquicardias.


Uma curiosidade: o tema da série/filmes foi arranjada e conduzida por um argentino. O seu nome é Lalo Schifrin. Ele fez esse grande tema em 1967 para a série criada por Bruce Geller. Além disso, fez as trilhas sonoras de diversos filmes, como os inesqueciveis dos filmes dos filmes de Dirty Harry, para Clint Eastwood.