terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Relações Internacionais: México, o vizinho que incomoda os Estados Unidos.

Um dos pratos favoritos dos americanos: os tacos sendo vendidos em LA.


Para visualizar um panorama do que é as relações entre americanos e mexicanos na atualidade proponho um olhar lá atrás. Era 1845, quando o então presidente norte-americano James K. Polk abraçou uma ideia defendida pelo povo americano de que era um direito dado por Deus aos americanos para civilizarem e ocuparem os territórios da até então pouco desbravada América, uma ideia chamada Destino Manifesto, que ganhou força ainda mais conforme mais e mais americanos se estabeleciam em terras do oeste. Era de conhecimento de todos inclusive do governo americano de que essas terras da América já estavam ocupadas por nativos americanos e mexicanos católicos, porém o espírito democrático de muitos colonizadores ingleses parecia nutrir cada vez mais essa noção de idéias e éticas protestantes de que era responsabilidades deles fazer um trabalho melhor do que qualquer outro. A história acaba mostrando que se por um lado ouve tentativas e exito na compra em dinheiro de terras americanas (e aqui cito os dos nativos do continente), como no caso que nos anos de 1835 e 1845, os Estados Unidos ofereceram para comprar Califórnia do México, por US$ 5 milhões e US$ 25 milhões, respectivamente. Houve momentos em que não houveram exito agir pacificamente, como ocorreu no caso do Texas que acabou sendo tomado pelos Estados Unidos, reivindicado pelos mexicanos e assim travaram se um conflito que durou entre 1846 e 1848 e teve enormes consequências para o futuro das nações envolvidas. No fim das contas, os norte-americanos ampliaram o seu território em cerca de um quarto, enquanto México perdeu aproximadamente metade do seu.

Nessa breve retrospectiva das relações entre os dois países, México e EUA vemos que houve sim, cicatrizes que foram por um lado curadas ou melhor esquecidas pela superioridade norte-americana com o passar dos anos, mais precisamente no século seguinte onde com a importância do dólar, da economia pungente e diversificada não deu espaço para que houvesse outro ator internacional com semelhante relevância, tanto economicamente como já veio a ser citado, como politicamente. Venho ressaltar que não se trata de exaltação ou engrandecimento, porém nação nenhuma foi capaz de usar das tradições religiosas e culturais, aliadas a posturas no sistema internacional que pouco a pouco deram a ela a uma notável importância em meio as outras nações do mundo, gradativamente se tornando tão poderosa como se tornou ainda mais nos anos pós segunda guerra mundial, no recrudescimento da Guerra Fria e no seu derradeiro fim nos anos 90. A geração yuppie, a dos ganhos e lucros em meados dos anos 80, é o perfeito exemplo de como a nação americana mostrou ao mundo uma sociedade baseada na corrida por ambições e superioridade sobre o mundo.

O mais importante aqui é ressaltar a evolução dos Estados Unidos como uma nação provinciana e dominante, para uma nação pioneira e dominante. No cerne da questão está a relação com seu vizinho México, que amargurou em sua história por diversas crises, golpes de Estado, abandono de uma sociedade que se viu mercê de grupos milicianos do narcotráfico, da falta de educação e segurança, além da corrupção endêmica. A instabilidade social no vizinho, assim como em toda a América Latina vem de anos de exploração espanhola e portuguesa apenas do território abandonando qualquer interesse na sociedade, diferentemente do que podemos ver de uma nação fugida da monarquia inglesa que desceu no continente descoberto por Colombo, com diretrizes e projetos a construir.

Essa falta de estrutura e educação faz com que milhares busquem oportunidades de melhor bem estar e recursos financeiros do outro lado da cerca elétrica. De acordo com o New York Times, as detenções de imigrantes ilegais de outros países além do México -principalmente de Honduras, Guatemala e El Salvador- nos EUA mais que duplicaram na fronteira sudoeste do país no ano passado, de 46.997, em 2011, para 94.532. O que leva a questão de que a situação aqui é sim generalizada e o México a porta de entrada. Razão pelo qual muitos norte-americanos - ainda mais em tempos de crise - sintam preconceito e odio pelos mexicanos. E isso como a história nos traz, carrega junto com o subconsciente a noção de inferioridade na relação EUA e Mexico, por parte da sociedade ianque. Por outro lado, os governos dos dois países sempre procuraram num plano diplomático evitar rusgas ou alimenta-las, entretanto nem sempre eles conseguiram agir dessa maneira.

No estado de Arizona, no ano de 2010 houve uma lei criminalizando o estrangeiro que não portar uma identificação aprovada pelo Estado, quando esse indivíduo permanecer por mais de 30 dias em solo norte-americano. A chamada lei "Arizona Senate Bill 1070", foi aprovada pela governadora do Arizona, teve seu texto alterado, mas ainda se torna vigente, mesmo em meio a toda a controvérsia. No dado momento, o presidente do México, Felipe Calderón, o maior atingido por essa medida, disse que condena a aprovação da lei e a criminalização da migração. Disse ainda que a lei é uma "violação dos direitos humanos". Em visita a Casa Branca, Calderón fez pessoalmente uma critica a lei para o presidente Barack Obama.

Mesmo tendo sido frequentemente caracterizado de maneira negativa, o México é o terceiro maior parceiro comercial dos Estados Unidos, atrás apenas de Canadá e China. E vem tendo nos dias de hoje um potencial extremamente reconhecido como uma das futuras potencias econômicas. Se não fossem pela crise de 2008 nos EUA, a da Europa em 2012 e do fracasso total que foi os países do Brics (Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul), muitos analistas econômicos veem no México um lugar com uma economia mais estabilizada e com maiores condições de atuar como líder regional. De acordo com o jornal 'Market Watch' (subsidiária do Wall Street Journal), num artigo publicado ano passado traz de maneira otimista a seguinte manchete:
"México: Nova China do Investidor". E não para por ai, ainda revela que boa parte do mercado financeiro vai voltar os olhos para a nova promessa. O 'The Economist' publicou um artigo de opinião intitulado "O mexicano global: o México é aberto para os negócios" com destaque para as empresas mexicanas que estão investindo localmente e nos EUA e argumentando que o México é um terreno fértil para mais investimentos, especialmente no setor manufatureiro. Já o britânico Financial Times revela que os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) já perderam relevância para os próximos anos, o México está agora a tomar sobre essa distinção.

Como revela o 'Diplomatic Courier', as relações entre México e Estados Unidos, para se ter uma dimensão, a pauta não será mais ancoradas em problemas regionais como imigração ilegal ou o tráfico de drogas, em vez disso, a economia, as finanças e o comércio vai ditar os termos entre os países vizinhos. Entretanto, devido a lei já citada 1070, vinda do estado do Arizona, a frequente vinda de imigrantes legais na fronteira, violências e abusos, o tema Imigração ainda deve ser tratado pelo presidente Barack Obama, de acordo ainda com a revista 'Diplomatic Courier' com firmeza e o mais bipartidária possível, mesmo apesar do assunto correr de maneira polarizada nos Estados Unidos, acentuada pelo país ainda ter um numero expressivo de desemprego. Essa é uma questão que é vista como uma necessidade dos Estados Unidos tratarem em suas politicas federais, deixando a responsabilidade ao México de proteger suas fronteiras ao sul da vinda de imigrantes da América Central, que entram através da Guatemala. 

Construir muros e barreiras entre os dois países não será mais importante. A despeito dos problemas que o problema da migração cause, ela deverá ser atuada de maneira a continuar decrescendo dadas as medidas que esperam-se serem adotadas por ambos os países, a saida agora é deixar essas questões domésticas num plano que não arrisque os dialogos no plano comércial, economico e de negocios. A postura de Obama, mesmo com um novo governo mais conservador no México, do recém eleito presidente Enrique Peña Nieto, é de estreitar as relações, usando dos mais diferentes meios possíveis.


A razão principal da imigração ilegal de mexicanos nos Estados Unidos pode ser definida aqui como a falta de oportunidades de emprego e dinheiro, certo? Se o México hoje anda mostrando ser uma economia mais robusta, não haverá necessidade de procurar emprego em qualquer outro lugar. Para o México é extremamente importante que os EUA sobrevivam a crise e voltem a ser uma economia pungente como antes, claro. Se o México produz uma série de produtos, a preferencia é a possibilidade de exportar para o vizinho, e assim sendo os EUA investirem no México ainda mais. E vice-versa. Isso não quer dizer que já não em andamento hoje acordos com o Oriente Médio e China, sim e isso é um dos maiores temores dos norte-americanos: perder um espaço cativo. A publicação 'Diplomatic Courier' em artigo ressalta: "Com a economia dos EUA se apresentando em um ritmo irregular, e ao mesmo tempo um crescimento na ênfase em exportações que agora ressurgiu, mas a maior parte gira em torno da Ásia. Isso é lamentável, porque o nosso vizinho ao sul, está discretamente posicionado para ser o próximo joia econômica de mercados emergentes."

Reflexos de uma bolha prestes a estourar no setor imobiliário e de negócios, além do enfraquecimento dos PIB fazem da China bem menos cheio da bola. As previsões do FMI, é que ela deva crescer algo em torno de 7% para baixo. Bem longe do impulso que deu anos atrás. Isso não é um indicativo pleno se não mostrasse outra coisa, a expectativa do mercado no gigante asiático. E o Brasil? Promessas foram despejadas durante duas anos atrás. Hoje elas podem ser vistas como a maré. Chegou até onde pode e anda voltando, para as profundezas do oceano. Uma indústria frágil, tributação excessiva, poucas reformas e o peso excessivo da máquina governamental fazem das promessas feitas sobre o Brasil soarem perfeitas para uma bossa nova ao fundo: melancólica e que deixa saudades. De acordo com um relatório Nomura Equity Research, o México, na próxima década vai superar Brasil e ser a maior economia da América Latina. Ao ser comparado em uma base de PIB per capita, o México passa a ser menos desenvolvida do que Argentina, Chile e Brasil. Pode soar negativo, mas isso deve ser música para os ouvidos dos investidores: quanto mais recuperar o atraso para o México, isso significa mais investimento e atividade empresarial. O que no fim das contas é apenas que a economia deverá se dar bem. Não diz por quanto tempo, da mesma forma que os mesmos citados Brasil e China se deram bem nos últimos anos e não souberam aproveitar por completo a bonança.

Nas relações entre ambos, a economia do México é altamente ligada com a americana. Cerca de 80% das exportações hoje são para a terra do Tio Sam e algo próximo de 50% das importações são a partir de custos de fabricação dos EUA que para o México se comparadas com os custos da China por exemplo, são mais vantajosas. Outro dado, é que há dez anos, os custos trabalhistas na China eram quatro vezes mais barato do que os no México, mas com os salários trabalhistas na China inflando, o México agora tem uma vantagem comparativa, ainda mais devido a sua proximidade com os Estados Unidos. Ao invés de utilizarem a carga marítima optando pelo transporte percorrendo todo o Pacífico que pode sair mais caro e difícil, quando podem estar usando cargas de caminhões do norte do México e entregando para Wisconsin, em questão de dias.

Fica a pergunta se os Estados Unidos vão continuar fechando as fronteiras ou construindo barreiras com cercas elétricas dificultando as trocas de mercadorias entre os dois países. Felizmente, o NAFTA (North American Free Trade Agreement, o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) já está em vigor, agora aguardando posições mais enérgicas de EUA e Canadá a respeito da redução de burocracia para simplificar o movimento comercial entre eles.

Passos sim, já podem ser vistos. Li no 'International New York Times', que investidores estão colocando dinheiro em um projeto que promete criar uma ponte que ligue a cidade de San Diego, com o aeroporto de Tijuana. A intenção de interligar um aeroporto (o de San Diego, na California), com o General Abelardo L. Rodríguez International Airport, em Tijuana. Muitos que vivem em San Diego, já utilizam do aeroporto em Tijuana para economizar. Se do lado mexicano, as liberações necessárias para as obras saem rapidamente, as do lado americano emperram devido ao congresso. O projeto que custou 90 milhões de dolares parece finalmente ter saido do papel, mostrando a disposição em atingirem acordos para interligar os dois tão conflituosos países.



domingo, 26 de janeiro de 2014

Sinto que eu errei nessa manhã.



Pretendo ser mais prático e suficientemente consciente das coisas de que fazemos durante a vida. Ok, mas há nessas tentativas a certeza de que somos incapazes de sermos emotivos e racionais numa medida equilibrada. Morremos sem durante a vida nesse ou naquele exato momento saber a exata medida do copo. Se estava cheio ou se estava vazio. Se parecia, mas não era. Os apertos no coração pelos erros que nos assombram. Pelo tempo que parecia nos permitir viver mais. Se vivemos demais e exageramos, pelo menos vivemos. Sim, mas não por muito tempo. O fim sempre está próximo do começo mesmo nós não nos percebendo disso.




Sinto um vazio. Por mais que eu conhecesse o terreno, o termo e o tempo, tudo que eu fui saber depois é que eu não tinha noção do que eu dizia. Era tudo tão prático. Gastamos nossos dinheiros cheios de felicidades momentâneas, e quando vemos eram felicidades de duração pífia e mínima. Me consumiu e me abateu como um açougueiro com a carne processada, trazida em caminhões de frigoríficos. Quando o som do martelo, da cutela correndo do braço forte do açougueiro encontrando na carne produzindo um som, uma marca no pedaço do boi e um belo bife servido a mesa nos fins de semana. Era um fim, era conhecido. Estávamos despreparados. Porque fomos tolos e inocentes. Só queríamos ver no que dava.

Quanta presunção. Achar que isso não teria sentido algum. Eu senti bem agora o que eu fiz. Ninguém nunca diria o que teria de ser feito. Eu apenas não fiz. Só não sei porque o meu erro me levou a pensar que eu saberia como preveni-lo. Simplesmente não havia. Era tarde demais. A certeza de que eu estava bem e de que mundos não teriam como me fazer cair e tropeçar. Nem Deus, nem o diabo e nem mesmo a morte. Tudo tão ousado e nem um pouco preparado. Patético, fui descobrir que errei e que errar é humano. Só não é certo que eu não vou errar de novo. O golpe atordoante que sinto só me faz estar zonzo, inebriado e pouco certo se eu tenho jeito. Vamos fazer assim, daqui 10 anos, em 2024, se eu João Henrique estiver vivo poderei ler isso e dizer. Consegui dinheiro para o que eu queria, consegui aquele trabalho e namoradas?

Um adendo qualquer não teria mais importância. Poucos se importam de verdade. Apenas olham e riem. Dão boas vindas e sentem que tiveram grandes experiências. Os bons modos só trouxeram uma etiqueta fraudada. Desqualificada e agora, vai responder as acusações de ter sido pouco atento? Talvez eu precise pensar melhor. Respira melhor. Pensa age agora. Desse instante em diante aprendemos que fomos longe demais e descobrimos pelo menos, por termos tido a oportunidade dada por nos mesmos, de descobrir o que tinha lá longe demais onde muitos pensam duas vezes antes de ir. Eu vi...



...Que o fracasso agora tem um rosto igual de sempre. Não era muito estranho pra mim que já o conhecia de outros más dias. Era um rosto que te faz desacreditar na vida. Um rosto tão cheio e parecido como um pesadelo tremendo que tivemos numa noite qualquer de verão, suando acordado. Vimos (ou melhor, vi, porque nenhum dos que lê isso daqui viu o que eu vi) que não era tão simples assim. Que não era tão glamouroso e grandiloquente nossos sonhos. Que eles teriam de ser reeducados para uma compreensão melhor da vida que teremos. Grandes coisas podem acontecer. Poderemos ser deuses, reis e jogadores de curling, nada pode nos deter. Só tenho que apreender que o que a voz da consciência diz é que temos que nos sentirmos menos e insignificantes até lá. Não reis e deuses sem termos as portas dos céus e do universo. Sem os sapatos de ouro calçado nos pés somos baratas. Isso se quisermos isso mesmo. Podemos nos contentar em comer hot dogs num beco perdido de uma cidade qualquer desse país.