domingo, 29 de dezembro de 2013

As cinco versões de 'Afterlife' em videoclipes...

Win Butler comandando a festa.


A bombada faixa do novo disco dos canadenses e cada vez mais haitianos do Arcade Fire, "Afterlife" de versos lindos como esses: "Afterlife, oh, my God, what an awful word. After all the breath and the dirt and the fires are burnt. And after all this time, and after all the ambulances go. And after all the hangers-on are done hanging in the dead light", foi uma das melhores faixas de 2013, se não a melhor.

Para tanto fizeram não só um video mais 3 clipes. E como a faixa é linda, tem versões ao vivo em programas de auditorio dos EUA que ficaram bem legais.

Seguem os videos:

5 - Versão Oficial da música, criada pelo The Creators Project e dirigida por Emily Kai Bock.




4 -  Primeiro video divulgado, as cenas foram estraidas do filme franco-brasileiro Orfeu Negro (1969), dirigido por Marcel Camus.





3 - A canção interpretada no programa britânico The Graham Norton Show no final de novembro.





2 -  Ela agora interpretada no programa badalado Saturday Night Live.




1 -  A faixa Afterlife numa deslumbrante versão dirigida por Spike Jonze na abertura do primeiro YouTube Music Awards há dois meses atrás. Interpretada pela atriz Greta Gerwig (Frances Ha), o resultado tudo gravado ao vivo é lindo. 


Thats it.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Lily Allen e sua mensagem ao mundo machista.

Pronta para provocar: Aquela velha Lily, agora mais rechonchuda e mais feroz nas letras.
Sumida da música por quase quatro anos, a inglesa polemica e gata Lily Allen volta as paradas. Ela que pretende lançar novo album ano que vem já liberou o seu novo single, "Hard Out Here", uma canção genuinamente pop nas batidas e no som, que faz uma espécie de satira com o mundo musical pop dos dias de hoje (Miley Cyrus, Rihanna, Beyoncé e por ai vai...) que vende o sexo dentro do seus repertórios. A letra do single é bem legal: "If I tell you about my sex life. You call me a slut. Them boys be talking 'bout their bitches. No one's making a fuss. There's a glass ceiling to break. Uh hu, there's money to make. And now it's time to speed it up. 'Cause I can't move at this pace." O resultado é bastante interessante, apesar de ter achado a cantora bem rechonchuda para meu gosto. As pernas aumentaram e já não é mais aquela Lily esmirrada. Parece que devido a gravidez ela tenha ficado assim, não sei. O fato é que sua música continua interessante. Vamos ver o que mais ela tem a mostrar.




* A moça participou de uma apresentação no London Eye mês passado numa promoção da marca de energéticos Red Bull. Enquanto não retorna aos palcos, a inglesinha faz a festa (literalmente) dando uma de DJ. hehe




Tin-tin.


2013 O ANO: Os 30 Melhores Álbuns do Ano

* O ano em retrospectiva para esse ouvinte compulsivo de discos sejam eles em vinil, CD's e em streaming.

O ano acabou e como sabemos 2013 foi para a música aquele ano que parece que tudo resolveu acontecer ao mesmo tempo. Da hibernação de grandes nomes da música (David Bowie), a lançamentos de grandes bandas sem o menos alarde (The Strokes), contrastando com lançamentos de grandes bandas com o maior alarde (Arcade Fire). 

Se fizessemos uma playlist só das coisas lançadas nesse ano teriamos uma profusão de canções que sempre serão lembradas por nossos filhos e netos e não custa lembrar que bandas que darão o que falar daqui a alguns anos lançaram seus primeiros albuns nesse ano. Exemplos que se expremem numa profusão sem tamanho. (Peace, Haim, Savages, Parquet Courts, Jake Bugg, Lorde, Palma Violets, Kurt Ville, por ai vai).

Não serei justo com essa lista. E nem tem como o ser. 2013 foi daqueles anos que 30 ainda é pouco. O correto seriam 200 albuns, mas soaria cansativo. Não é exagero meu. Esse ano grandes produtores voltaram fizeram novas coisas com grandes e novos artistas. Não vou encher a bola de 2013, já enchi demais. Seguem os 30 albuns que considero na minha opinião serem albuns memoraveis daqui para frente. 

30 - Primal Scream - 'More Light'


29 - Kurt Vile - 'Wakin In A Pretty Daze'


28 - Cults - 'Static'


27 - Yeah Yeah Yeahs – 'Mosquito'


26 - Neko Case – The Worse Things Get, The Harder I Fight, The Harder I Fight, The More I Love You


25 - James Blake - 'Overgrown'


24 - Suede - 'Bloodsports'


23 - Savages – 'Silence Yourself'


22 - Parquet Courts - 'Light Up Gold'


21 - Palma Violets – '180'


20 - Peace - 'In Love'


19 - Nine Inch Nails - 'Hesitation Marks'


18 - MIA – 'Matangi'


17 - Blood Orange - 'Cupid Deluxe'


16 - The Strokes - 'Comedown Machine'


15 - Queens Of The Stone Age – '...Like Clockwork'


14 - Daft Punk – 'Random Access Memories'


13 - Kanye West - 'Yeezus'


12 - Franz Ferdinand - 'Right Thoughts, Right Words, Right Action'


11 - Haim - 'Days Are Gone'


10 - Foals - 'Holy Fire'


9 -   Phoenix - 'Bankrupt!'


8 -   Paul McCartney- 'New'


7 -   The National - 'Trouble Will Find Me'


6 -   David Bowie - 'The Next Day'


5 -   Disclosure - 'Settle'


4 -   Lorde - 'Pure Heroine'


3 -   Arctic Monkeys - 'AM'


2 -   Vampire Weekend - 'Modern Vampires Of The City'


1 -   Arcade Fire - 'Reflektor'



Esse post terá uma atualização nas próximas horas com meus comentários para cada album...

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Refletindo um novo som épico. Arcade Fire atrás da batida perfeita.

* O som dançante vindo das festas do Haiti


O carnaval que influenciou o som da banda canadense.

A hipnótica banda de Montreal se distancia das inspirações que os conduziram até aqui e fazem sua obra máxima indo até as raízes da música caribenha. Win Butler, Regine Chassagne, William Butler (irmão de Win), Sarah Neufeld, Richard Parry, Jeremy Gara, Tim Kingsbury, Howard Bilerman, Brendan Reed, Tim Kyle. Sim todos são integrantes do Arcade Fire. Uma das bandas mais incríveis da música hoje.

A música é algo que se transmite e que variando de culturas diferentes possui sentimentos e significados variados. Faz parte de uma mensagem, de um significado para todos numa comunidade. Na concepção dos integrantes do Arcade Fire, a música transcende pré-concepções e simulacros. Pertence a ideia geral que conduz o que a música pode significar para nós enquanto seres espirituais, que sofrem, que amam e se alegra. Talvez uma das suas maiores virtudes seja esse caráter único que se vê em suas composições e versos das canções. Adicionando a isso a forma apoteótica que torna suas canções lindas e majestosas. O que eles trazem agora nesse quarto disco bebe da fonte da cultura haitiana e caribenha, uma cultura que se aproxima do que a música produz nos nossos espíritos e de que forma ela nos atinge. Influenciada pelo som dos RAM, um grupo musical criado por compositor e músico Richard A. Morse (de onde deriva as iniciais), famoso no Haiti que une o rock'n'roll moderno, com instrumentos de vodoo, como rara e petwo, eles se inspiraram para fazerem o som que pode ser notado em faixas como "Here Comes The Night Time" e "Reflektor".  

Isso tudo ocorreu em 2010, quando cada membro da banda experimentou o poder da música para os haitianos e como isso está presente no cotidiano e em suas vidas. Eles estiveram no Haiti no período de karnaval, uma celebração carnavalesca das ilhas, onde as pessoas se vestiam com roupas repletas de alegorias diferentes. "É 10 vezes mais elaborado que qualquer show de rock que eu já estive um dia", disse Win Butler para a NME, "e são só pessoas com papelão, um pouco de tinta e algumas flores feitas de papel maché e conduzindo isso ao extremo, num show visceral". 

O quarto álbum da banda foi descrito pela mesma New Musical Express como uma mistura de influencia que vão de The Cure, Michael Jackson, Talking Heads e The Clash. Ao contrário dos discos anteriores da banda, ("Funeral", "Neon Bible", e o premiado "The Suburbs"), "Reflektor" não possui uma unica concepção narrativa, diferente de "Suburbs" que ganhou vida quando Win viu uma foto de um amigo de infância com uma criança nos ombros no bairro onde viviam. Aqui só os ritmos jamaicanos e haitianos se sobressaem. O disco acabou se tornando duplo, com canções de oito minutos. Tecnicamente, eles tinham a intenção de gravar tudo em um único disco, mas Will diz que eles estavam temerosos de que o disco soaria "pesado demais". "Houve uma conversa para fazer um álbum curto com uma temática realmente bem substancial, como o "Remain In Light", do Talking Heads", ele disse. "Nós até brincamos com a ideia de fazer um "Sandinista!" ou um "White Album", completa.

Qual o lugar da banda no Rock nos dias de hoje? Win Butler, confrontado quando citam o verso de "Normal Person", quando ele antes de começar a canção ele comenta para a platéia num tom de voz bêbado e exausto: "Do you like rock'n'roll music? Because I don't know if i do", o que é o rock para ele nos dias de hoje? Ele responde: "Eu achei engraçado, começar uma canção de rádio com isso",  e continua: "Há muita visceral simplicidade na música de rock'n roll, mas ha tempos o "roll" se perdeu. Nós estamos tentando manter isso (na expressão)". A banda é vista por muitos como indie e esquisita por muitos meios de midia ainda, mesmo tendo alcançado o mainstream com o Grammy pelo disco "The Suburbs". Muitos o consideram uma banda de rock fraca. "Nós somos uma banda esquisita muito nesse contexto mainstream, um pouco como uma ovelha negra, entende?", desabafa Win sobre o lugar que reservam para a banda até mesmo na hora de tocar nas rádios como veio a reclamar da BBC Radio 1, que na Inglaterra não tocaram "Reflektor".



Após uma massiva propaganda espalhando símbolos de inspiração haitiana em diversos lugares do mundo, eles fizeram dois shows secretos em Montreal no clube Salsatheque no começo de setembro, se auto denominando The Reflektors. Eles alertaram para que todos viessem fantasiados. Para que fossem "parte das performances da banda", para que pudesse haver uma interação entre a banda e o publico. 

"Reflektor" foi produzido pelo bamba James Murphy (ex-LCD Soundsystem) nas gravações feitas no estúdio Electric Lady em Nova York. Antes houveram gravações feitas pela banda na Jamaica, num castelo chamado Trident Castle, onde o produtor Markus Dravs conduziu as performances ali feitas, no clima da experiencia que tiveram no karnaval. Dravs já havia trabalhado com eles em "Neon Bible" e "The Suburbs". Todos os produtores que auxiliaram a banda concordam com uma coisa em comum: todos citam o perfeccionismo de Win Butler e da banda em criar um trabalho único. "Para eles, só está terminado até o momento em que o disco chegar nas lojas", James Murphy disse a NME. Enquanto isso, toda a dedicação faz produtores dizerem que eles seguem uma "metodologia U2" para finalizar um álbum. Não estão tão preocupados com tempo ou dinheiro, e sim com o que o disco tem a dizer."

De longe uma obra prima da banda, que despeja aqui influencias que vão do mito de Orfeu e Eurídice (da arte conceptual da capa do disco, às letras e canções do disco, principalmente no segundo disco), aos ritmos dançantes e contagiantes trazidos do Haiti e Jamaica. O Arcade Fire vai além e traz um trabalho mais humano, do que jamais eles haviam trazido até então. Os discos anteriores todos brilhantes e extremamente bem feitos só fez aqui esse disco ser tão aguardado. E justamente por esse motivo tão esmiuçado provocando algumas criticas a esse trabalho. Em 2007, como lembra a NME, a critica musical do The New Yorker Sasha Frere-Jones se queixou de que "se a banda trazia traços de influencias de soul, blues, reggae ou funk só poderia ser filosofico, porque não poderia ser ouvido", sempre ouve a preocupação de trazer ritmos que pudessem ser tocados pelo mundo e que sonoramente fosse curtido em diferentes culturas.

A faixa-titulo que abre o disco é uma alegoria que representa bem o que eles acham do mundo hoje em dia, onde não se observa o que está bem diante dos nossos olhos. "Now, the signals we send. Are deflected again. We’re still connected. But are we even friends?", canta Win Butler. "I thought I found the connector. It’s just a reflektor (it’s just a reflektor, just a reflektor)". As faixas que no total somam treze faixas, cujas as sete primeiras faixas formam o primeiro disco e as seis restantes o segundo disco que focam na ideia de vida e morte, tão presente no mito de Orfeu e a faixa "Porno", uma das melhores do disco. "We Exist", parece querer chamar atenção para alguma dificuldade de se enxergar o outro. "Walking around. Head full of sound. Acting like. We don't exist.Walk in a room. Stare after you. Talking like. We don't exist", diz Win que tem baixos bem presentes. Reggae aqui e acolá. As faixas seguintes, "Flashbulb Eyes", "Here Comes The Night Time", "Normal Person" e "You Already Know" tem essa pega dançante pop carnavalesca e deliciosa. Ritmos africanos, pega dançante anos setenta talvez. Um primor. "Joan Of Arc" é uma balada que traz uma atmosfera com batidas e swing dançante. "Now they tell you that you're their museYeah, they're so inspired. But where were they when they called your name. And they lit the fire?"

A segunda parte do disco começa com sussurros de "Here Comes The Night Time II", uma transição do lado dançante para o lado sombrio e épico. Que trazem as românticas "Awful Sound (Oh Eurydice)" e "It's Never Over (Oh Orpheus)". "Porno", uma das mais brilhantes músicas da banda (e olha que não é facil dizer isso de uma música só) fala da falta de sentimentos humanos num mundo tomado pelo individualismo e indiferença alheia. O pornô superior ao sexo, por exemplo. "And all your make up. Just take it all off. I've got to find you. Before the line is lost. I know I hurt you. I won't deny it. When I reach for you. You say, "I'm over it. "But I know.", canta um Win Butler sussurrando como se estivesse sem folego muitas vezes.

A majestosa e melhor faixa do disco, "Afterlife", é uma sintese talvez do que o proprio disco quer tratar. Até onde vai o amor quando ele morre?, se pergunta a música ao tentar se aproximar do momento em que alguém parte, o que resta? As relações humanas esticadas e colocadas sob os nossos olhos parece ser o que a banda quer, e consegue exito ao fazer isso com tamanha beleza e encanto. "Afterlife, oh, my God, what an awful word. After all the breath and the dirt and the fires are burnt. And after all this time, and after all the ambulances go. And after all the hangers on are done hanging in the dead light. Of the afterglow.", diz Win que grita: "I've gotta know. Can we work it out? We scream and shout 'till we work it out. Can we just work it out? Scream and shout 'till we work it out? 'till we work it out, 'till we work it out.". Linda, sem mais. E o disco termina com a incrivel "Supersymmetry", com ecos de que o fim é só o começo se formos fortes o bastante, e reagirmos as reações do corpo.

Repleto de momentos apoteóticos, "Reflektor" é a melhor coisa feita nesse ano, e olha que isso é na minha opinião pois esse foi um ano em que muitos artistas lançaram novos materiais. O próprio David Bowie que surge ao fundo em "Reflektor", a faixa titulo do disco dos canadenses, lançou o excelente "The Next Day". Não consigo não me emocionar com discos do Arcade Fire, sempre tão impecáveis. Esse não fugiu a regra e por momentos se supera a tudo que fizeram até aqui. Bravo!




  
E um visual dançante e embalado em ritmos africanos. Sons cada vez melhores.





2013 O ANO: As 10 Melhores Séries de TV do Ano

* O ano em retrospectiva para esse espectador de séries televisivas que vos fala.

O ano acabou e com ele leva uma boa safra de séries que apareceram nesse ano. Foi o ano da despedida emocionada de uma das minha favoritas (Breaking Bad) e o surgimento de novas bem interessantes (Masters Of Sex). Sem firulas de 1 a 10, minhas escolhas foram:

10 - Girls



Foi uma temporada que mostrou o talento de Lena Dunham dentro e a frente da série. Produzida pelo diretor genial Judd Apatow, as agruras das quatro garotas em Nova York ganham cada vez mais atrativos numa história que é bem atraente e interessante.

9 - Agents Of S.H.I.E.L.D



Uma palavra: Joss Whedon. Dai por diante, entenda isso como adjetivo máximo. Mostra o lado dos agentes que são treinados para protegerem o mundo de ameaças, e quando nescessário acionar o suporte de herois Marvel. A participação de Thor (Chris Hemsworth) em um episodio foi bem engraçada.

8 - House Of Cards



Um congressista que passa por cima de todos para chegar a seus objetivos. A série produzida e dirigida em seus primeiros episódios por David Fincher é uma das maiores surpresas de 2013. Transmitida pelo serviço Netflix, ela tem um elenco fantastico: Kevin Spacey, Michael Gill, Robin Wright, Kate Mara. E um roteiro brilhante.

7 - Eastbound and Down



Essa série chegou ao fim nesse ano e deixa na lembrança o fato de ser uma das melhores séries de humor da TV. Danny McBride e seu arrogante Kenny Powers foi o retrato da américa pós-crise (Jogador famoso perde tudo e volta para sua cidade e para a casa de seu irmão interpretado por John Hawkes). As gags e referencias da série é um atrativo que só incrementam o roteiro brilhante e hilário.

6 - Orange Is The New Black



Outra série do Netflix, traz a criadora de Weeds, Jenji Kohan, numa história de recomeços. Conta as desventuras de Piper Chapman (Taylor Schilling), que anos atrás portava drogas de um país para outro. Ela e sua parceira são condenadas anos depois quando suas vidas seguem outros caminhos. Tem um excelente roteiro e situações engraçadas.

5 - The Newsroom



A segunda temporada de uma série bem interessante, que acompanha o que acontece 24 horas dentro dos bastidores de um telejornal nos EUA. Jeff Daniels faz Will McAvoy, respeitado ancora. Que ainda tem os atores Emily Mortimer e John Gallagher Jr no elenco. É viciante e tem um timing perfeito, coisa de Aaron Sorkin, criador de The West Wing.

4 -  Masters Of Sex



Uma das mais gratas surpresas de 2013, a série acompanha os experimentos de William Masters (o excelente ator Michael Sheen), para desvendar os segredos do sexo numa época (anos 50) onde o assunto enfrentava enorme tabu. A atriz Lizzy Caplan simplesmente rouba a cena. Simplesmente.

3- Breaking Bad



O fim da série mais impactante da TV nos últimos anos, criada por Vince Gilligan deixa uma legião de fãs sem as histórias cruas e violentas de Walter White (Bryan Cranston), e seu parceiro Jesse Pinkman (Aaron Paul) na venda de metanfetaminas. O derradeiro fim é tenso como a série foi desde o inicio.

2 - Mad Men



Pra mim, Mad Men é a melhor coisa que se passa na TV hoje em dia se tratando de série em drama. Jon Hamm com seu Don Draper fez um daqueles personagens tão míticos quanto o foi Tony Soprano de James Gandolfini. Nessa sexta temporada, as coisas mudaram completamente na vida de Draper no fim da temparada.

1- Parks And Recreation




No inicio não dei bola alguma. Via anos atrás alguns episódios e ria de uma coisa ou outra. Nesse ano de 2013, me debrucei não somente na atual temporada como fui buscar as temporadas passadas e boom. Que série incrivel! Simplesmente a coisa mais engraçada que assisti nesse ano e reuno aqui de filmes a peças, enfim. "Parks..." tem o melhor elenco acho da TV: Amy Poehler, Rashida Jones, Aziz Ansari, e por ai vai.

O humor aqui moldado pelos mesmos criadores de The Office, o com Steve Carrell, Michael Schur, Greg Daniels vai nos cativando com bons personagens, como o feito para o ator Rob Lowe. É tanto esmero por esses personagens que fica difícil não se apaixonar pela série.

domingo, 8 de dezembro de 2013

U2 lançando nova canção é motivo para prestar atenção...

Bono apontando para você: o retorno do U2 com álbum pro ano que vem.

Passados quatro anos, a banda irlandesa U2 lança novo single. Tudo bem que Bono e Edge fizeram canções para a peça da Broadway "Spider Man: Turn Off The Dark", mas aquilo nem era propriamente canções da banda. Agora em razão do filme sobre a vida do líder e ex-presidente Nelson Mandela eles lançaram sua nova canção. Como era de se esperar, "Ordinary Love" é de partir o coração, com letras que continuam belas como só a banda sabe produzir. "The sea wants to kiss the golden shore. The sunlight warms your skin. All the beauty that's been lost before. Wants to find us again. I can't fight you anymore. It's you I'm fighting for. The sea throws rocks together. But time, leave us polished stones", solta Bono em crescente até chegar ao refrão tocante. "We can't fall any further. If we can't feel ordinary love. And we cannot reach any higher. If we can't deal with ordinary love".

Uma das melhores coisas na banda é que ela sabe surpreender com letras belas sem cairem no ralo comum de tons emotivos e afetadas. São lindas e poéticas, e Bono é um eximio letrista como poucos. O arranjo aqui, a presença de The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. numa canção nova como essa é de se notar.

Agora fica o aguardo para o disco novo da banda que sai em abril do ano que vem. Está prometida a divulgação do album no Super Bowl próximo. A produção do novo disco está a cargo do produtor do momento Danger Mouse. As gravações parecem que estão na reta final, em comentários de Adam Clayton para a imprensa. Elas foram feitas no Electric Lady Studios, em NY, estudio fundado pelo guitarrista Jimi Hendrix.


Em tempo, minha solidariedades a perda do ex-presidente Nelson Mandela que morreu quinta passada.


domingo, 24 de novembro de 2013

Paul McCartney lançando 'NEW', inventando 'selfie' e tirando uma no programa do Jimmy Fallon

*Breaking News: Sir. Paul McCartney tirando uma na América

Tocando faixas do seu novo disco...

Lenda incontestável da música por ter feito mil e uma coisas durante sua vida incluindo ter feito parte de uma banda de uns garotos ali chamada The Beatles, o super gente fina Sir. Paul McCartney participou de programas de entrevistas para divulgar seu novo disco de inéditas, 'NEW', produzida por quatro diferentes produtores bambas, do nivel de Mark Ronson. Só que ele foi no Jimmy Fallon, e foi uma das participações mais engraçadas que o programa já teve. Com uma boa série de piadas hilárias, o ex-integrante do SNL fez revelações sobre Paul (!) e sem mais, ah e ele foi ainda no programa do outro Jimmy, o Kimmel e parou Nova York com concertos, e foi entrevistado e foi hilário, veja os videos abaixo:


Paul no Jimmy Fallon: Hilário. 


  • Trocando os sotaques: Jimmy Fallon pega o sotaque britanico de Paul, e agora?





  • A palavra de 2013 "selfie": Paul McCartney a inventou. 








  • Paul escrevendo canções: O processo de criação de novas músicas começa...





  • Concertos de Paul, Concertos de Rolling Stones sendo vistos por Paul, etc...: What?!











Agora... Paul McCartney no programa do Jimmy Kimmel, parando a Hollywood Blvd, fazendo show for free.





  • A entrevista hilária no Kimmel:




Paul McCartney, o Dave Grohl dos The Beatles: Brian Epstein e Paul McCartney

sábado, 23 de novembro de 2013

O NOVO Paul McCartney

Paul, 71 bem conservados: Sua discografia nunca pareceu tão fresca quanto em 'NEW'

O som do rock'n roll, suas batidas e sinuosidades muito se deve aos anos em que no topo da Billboard estavam quatro garotos de Liverpool que faziam um rock inspirado em lendas da música, indo de Elvis, a Chuck Berry e os The Evely Brothers. Décadas se passaram, a música se modificou e mudou como esperado. E diante de nós está um daqueles quatro garotos de Liverpool que veio a não se acostumar com a idade e nem por um só instante parecer a idade que tem. Paul McCartney entrega agora seu 49° disco se contarmos seus discos nos Beatles, nos Wings, projetos solos, etc. Seu som nesse periodo se modificou, mas nem tanto. Há algo que o caracterize em cada periodo, claro, em seu som. O seu espirito continua o mesmo sempre em busca de algo que incite o novo sem parecer revolucionario, e sim alinhado com aquilo que mais sabe fazer na música: escrever belas canções acompanhadas de melodias de R&B, blues, com toques de synthpop em especial nesse novo disco.

O Paul McCartney de hoje carrega uma bagagem que traz principalmente a amizade que teve com John Lennon, a parceria musical que funcionou como força motora do que foi os Beatles. Eles deram ao rock aquilo que ele precisava, a atitude, o pop, os fãs, a mídia e tudo mais. Ao fim da banda em 70, em entrevista para a NME ele lembra que ficou pensando "Oh meu Deus, para onde vou agora? Tentar conseguir ir juntos com o Wings. Tem algumas faixas aqui..." Foi o que fez em 72, com seu primeiro trabalho com a banda composta por Denny Laine (ex-Moody Blues) na guitarra e sua mulher na época Linda McCartney nos teclados. Logo antes de se dedicar a nova banda havia lançado um album solo em 71, chamado Ram. Passando pela década de 80, ele lançou diversos discos solo, dando uma nova guinada em sua carrera musical agora concentrada em seu proprio nome. Lançou 'McCartney II' (1980), 'Tug of War' (1982), 'Pipes of Peace' (1983), 'Press to Play' (1986). Fez um disco 'Choba B CCCP' (Back in the USSR, traduzindo do russo) que circulou apenas pela União Soviética, e que posteriormente foi lançado no mundo apenas em 1991, e o disco, 'Flowers in the Dirt', o oitavo de sua carreira, que impulsionou sua primeira turne mundial desde a turne com os Wings, em 1976.


Com Linda em seu momento com o Wings.

Lançou tres discos na década de 90, Off the Ground (1993), sonoromente lembra o antecessor 'Flowers in the...', o nostalgico 'Flaming Pie' (1997) e o intenso e mais carregado de rock'n roll das antigas 'Run Devil Run' (1999). Em 2001, lançou 'Driving Rain', um album que acabou ganhando uma faixa adicionau "Freedom", em homenagem ao 11 de setembro, e logo em seguida veio 'Chaos and Creation in the Backyard' (2005) e 'Memory Almost Full' (2007) e um album de covers de músicas de jazz e pop, 'Kisses on the Bottom' (2012).

Na mega turnê com o Wings, que rendeu o disco "Wings Over America", um registro dos shows.

Escrever sobre Paul não é simples, você sempre se depara com coisas que gostaria de dizer, discos e sons que fez, sua vida nos Beatles, como compositor e um dos membros (se não o mais) mais pé no chão. O que escrevo aqui não sobre esse Paul do passado, pois esse está escrito. O que reserva Paul daqui pra frente? O NOVO. Assim, ele definiu seu novo trabalho. 'New' possui o que melhor ele fez nessas ultimas décadas. Soa fresco, intenso e nostalgico sem parecer demais caduco. Pelo contrário jorra criatividade e juventude. É impressionante como é fácil se deixar levar pelas memorias que Paul injeta nesse disco. Memorias que nem eu, nem você jamais tivemos. Um novo que guarda um passado que não devemos esquecer nem guardar, pelo contrário um passado que nos faz novo.


No estudio gravando 'NEW' em janeiro desse ano.


Nesse novo trabalho ele chamou uma força multi-tarefa de produtores ingleses bambas para coordenar o seu mais recente disco de composições novas, desde 'Memory Almost Full', de seis anos atrás. Mark Ronson (Amy Winehouse, Kaiser Chiefs), cuidou das faixas 'New' e 'Alligator'; Giles Martin (filho do produtor lendário dos Beatles, George) cuidou das faixas "On My Way to Work", "Appreciate", "Everybody Out There", "I Can Bet", "Looking at Her", e a faixa escondida "Scared"; Paul Epworth (premiado produtor pelo disco '21', da Adele), cuidou de "Save Us", o hit "Queenie Eye", e "Road"; Ethan Johns (filho do reconhecido produtor e engenheiro de som Glyn Johns, de historico de ter trabalhado com Led Zeppelin e The Who) cuidou das faixas "Early Days", "Hosanna" e "Turned Out", faixa presente na versão deluxe com trabalho adicional de Martin.

A faixa "Queenie Eye", Paul em uma entrevista disse que ela se tratava de uma brincadeira de criança, quando alguém vinha até ele, ele respondia: "I haven't got it, it isn't in my pocket", uma das melhores faixas do disco que inclusive teve videoclipe repleto de estrelas de Hollywood. Começa como se te instruisse na brincadeira e termina revelando que essas são as regras da vida. Genial Macca! "Play the game, taking chances. Every dance is much the same. Doesn't matter which event you choose. Never blame the circumstances. With romances seldom came. Never pick a fight you're gonna lose" e termina "It's a long way, to the finish.When you've never been before. I was nervous, but I did it. Now I'm going back for more. Hear the people shout" Outra faixa genial é a faixa-titulo, "New", que mistura o rock pop com guitarras glam, "All my life. I never knew. What I could be, what I could do. Then we were new." Simplesmente genial as composições desse disco. Um Paul muito inspirado. Achei que de longe esse é um trabalhos mais legais desse ano. O album em si todo alcança um ponto alto, as canções apesar de serem de produtores diferentes atinge perfeita coesão e surpreende. Apesar disso destaco aqui as faixas. "I Can Bet", "Everybody Out There", "Looking at Her" e "Alligator".



Macca on the cover in 2013...










Em "Early Days", Paul revela certos momentos com os Beatles. "Dressed in black from head to toe. Two guitars across our backs, we would walk the city roads. Seeking someone who would listen to the music. That we were writing down at home.", numa alusão a possiveis momentos com John Lennon. "Hair slicked back with vaseline. Like the pictures on the wall of the local record shop. Hearing noises we were destined to remember. We willed the thrill to never stop." Nessa faixa ele recorda dos que procuram sempre levantar coisas que nunca aconteceram com eles juntos. "Now everybody seems to have their own opinion. Who did this and who did that. But as for me I don't see how they can remember. When they weren't where it was at."

Num disco que de longe lembra um disco que em certos momentos os Beatles, os Wings, ou até mesmo junto de Lennon fariam juntos. Um disco ligado ao passado, com a sede de criar algo novo nessa vida. Assim é ao mesmo tempo Paul McCartney. Perguntados pela NME, os produtores diziam algo proximo do seguinte: "Não acho que Paul queira crescer." Ao que Paul responde: "Yeah! Eu acho que é verdade. (...) Você sabe o que eu penso? Mentalmente, eu não penso em mim mesmo como tendo essa idade que eu tenho. É um pouco chocante, você não acha?" E quem disse que ele cresceu afinal. Que ele não continua tão intenso, criativo, brilhante como nunca esteve nos Beatles anos atrás. Como ele finaliza na composição da faixa "Early Days", do seu novo disco: "I lived through those early days." E que ouso complementar: Sem deixar que os outros saibam aonde está a bola, como na brincadeira de Queenie Eye. A bola aqui o segredo de sua música, sempre tão fascinante.

Paul parando NY: Em divulgação de 'NEW', ELE PARA NOVA YORK, digo transito, comércio. Tudo.






> Espero poder realizar meu sonho de ver ele ao vivo ano que vem, já que terá a Copa do Mundo aqui no país, uma boa oportunidade de ele voltar a América do Sul, mais precisamente no Brasil, e em São Paulo se for possivel, por favor Macca, por favor!!

Lenda.  Foto: The Guardian

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Lambida: Nine Inch Nails - Hesitation Marks

Trent Reznor e seu ressurgimento com o NIN: Um baita retorno.
No grito. O rapaz embalando aquele som industrial, heavy e poderoso.

Os anos 90 trouxeram grandes nomes que carregam em si o peso de uma década. Nomes como Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden, icones do genero chamado grunge, estilo de som dominante na primeira metade da década, são exemplos de bandas dessa época. O que chamou a atenção mesmo fora desse gênero, e que alem do mais projetava o futuro da música, trazendo algo fresco e poderoso foi a banda liderada pelo franzino e cabeludo Trent Reznor que elevava sob um som de batidas programadas e desconcertantes uma forma livre de guitarras indo de encontro com um som eletronico viciante e vertiginoso. O poderoso som alto, feito com aquela ambientação toda de uma era em que tudo o que trazia o tecnologico e computadorizado entrava na moda levava o nome de música industrial sob os rodapés que tentavam explicar o que era aquele som que viria a definir uma geração. A banda chamava-se Nine Inch Nails e o que podemos dizer dela se não formos a fundo no que ela causou. Fizeram uma das apresentações que tornaram o Woodstock de 1994 algo memorável, da mesma forma como a apresentação de Jimi Hendrix tocando em chamas sua guitarra em 69, como bem lembra a revista NME, o fez. A banda teve até aqui seus altos e baixos, onde o alto pode se encontrar na obra-prima máxima da banda e um melhores discos da história da música (o album "The Downward Spiral") e o baixo na época do disco enfadonho e confuso ("The Fragile"), onde Reznor caiu feio nas drogas e nas bebidas. O som do disco soava algo experimental demais e longo a ponto de cansar. O que levou de certa forma após lançarem outro disco regular ("Year Zero", de 2007), ao fim do NIN por um periodo indeterminado em 2009. Isso tudo até anunciarem em março desse ano o retorno da banda, trazendo não apenas eles de volta a estrada como anunciando a gravação de um novo disco para setembro. O que ficou é a pergunta, a banda ainda está relevante para o mundo da música?

Consiente que devia um disco de Best Of para a gravadora, Reznor se pos a trabalhar em duas canções, que com o passar do tempo percebia já ter feito mais algumas o bastante para que a sua frente estivesse um album novo. Foi o que precisava para trazer a banda do limbo. E do limbo para não algo simples, mas extremamente bem elaborado e planejado. Uma turnê extravagante e cheia de efeitos especiais, trazem um NIN que além de evocar uma nostalgia em palco traz o poderoso clima que tanto faz deles uma das coisas mais relevante na música. Um Reznor bombado e musculoso de ombros enormes vestindo sempre uma simples camiseta preta e calças pretas acompanhada de sua bota de couro preta. Diferente do garoto franzino e rebelde do inicio dos anos 90. O viciado em cocaina e tequila, amigo de Marilyn Manson e jovem em busca de mais perguntas do que respostas, dá lugar a um cara de 48 anos de idade pai de familia, casado e comprometido em mais trazer respostas do que perguntas para o que quer do futuro, da carreira e assim sendo do Nine Inch Nails, sua banda.

No intervalo em que encerrou as atividades da banda foi convidado para participar da trilha de um filme do diretor David Ficher (A Rede Social), ganhou um Oscar com esse trabalho e ao lado de seus novos amigos e companheiros Dave Grohl e Josh Homme fizeram o documentário Sound City além de outras coisas.

Sobre o novo disco que lançaram esse ano, "Hesitation Marks" passeia pelo que foi o NIN até aqui. Não esconde as intenções de tratar o presente menos provocativo e inquieto. Parece querer assinar muito mais a banda como algo em busca de um sentido para o que veio passando até aqui. Não quer ser algo além de um belo disco de sons intrigantes e bem feitos. Sem pretensões, a banda de Reznor vai além do que poderia pretender. Sem o compromisso de entregar algo, tendo nascido do acaso, "...Marks" é recheado de faixas delirantes de pirar e não parece enfadonho. Falo do primeiro single "Came Back Haunted", tendo inclusive o vídeo clipe dessa faixa sendo dirigida pelo amigo de longa data David Lynch. O vídeo pertubador foi indicado proibido por conter cenas que causem epilepsia. Pensa. O som dessa faixa lembra algo que eles sempre fizeram só que adicionada ao tempero de batidas aceleradas que pulsa no ouvinte. "Now I've got something you have to see. They put something inside of me. Its smile is red and its eyes are black. I don't think I'll be coming back." em gritos solta o bombado Trent. Que conta muito do que é a urgencia de ser algo nos dias de hoje na faixa "Copy of A": "Look what you had to start. Why all the change of heart? Well you need to play your part. A copy of A, copy of A  Look what you've gone and done. Well that doesn't sound like fun. See I'm not the only one. A copy of A, copy of..." Em outros momentos ele solta um desabafo por tudo que passou em sua vida em "Everything" num som que não agradou muitos fãs por ser pop demais. Bobagem: "I survived everything. I have tried everything. Everything everything. And anything." Outras boas partes do disco é a claustrofóbica "Running" e a deliciosa "Find My Way". Um disco com todos os méritos nas letras aos sons poderosos, o NIN voltou direto dos anos 90 e pede para você embarcar nessa viagem ao tempo. E tem como recusar?

Sobre eles serem relevantes ou não, fica o seguinte: Ouça o disco e discutiremos depois. Eles tão com tudo.



Eles foram atrações principais dos festivais de Reading e Leeds na Inglaterra, do Lollapalooza Chicago desse ano e ano que vem serão atração do Lollapalooza Chile, Argentina e Brasil.


Até.

sábado, 19 de outubro de 2013

Sob o sol de Los Angeles, o Arctic Monkeys volta com todo o charme e atitude.

* O disco mais espetacular do ano?

Sob a forma de riffs que parecem ensolarados pelo som hip hop, baladas passadas no calor de Los Angeles.

Os garotos e o visual anos 50 da banda.

"Nós nunca seremos uma banda indie chata. Nós sempre queremos explorar.", diz o vocalista do Arctic Monkeys, Alex Turner em entrevista a britânica Q Magazine. "Depois do nosso primeiro LP eu não acho que nós sabíamos para onde estávamos indo", completa. O que a banda traz aqui nesse quinto disco é tudo aquilo que parece destoar de tudo que eles poderiam pensar em terem feito. O disco de estréia dos Monkeys, o já clássico album "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not", com todo aquele rock de garagem, punk e de uma certa forma um som fresco e rápido, potente e pop. A banda sai de Sheffield para um longo caminho para o sucesso. Tomaram um pouco mais talvez da mesma fonte do primeiro disco, na leveza adolescente, e se puseram a lançar um rock pesado até no segundo disco ("Favourite Worst Nightmare") em faixas como "Brianstorm", e "Teddy Picker". Experimentaram um tom meio psicodélico e mais setentista aos comandos do amigo da turma Josh Homme no terceiro disco ("Hambug") até chegar na mistura meio country como enquadra Alex Turner, bastante carregada dos elementos de Hambug caminhando para um rock mais visceral em "Suck It And See", o quarto album. Agora em 2013 eles caminham para uma pegada mais hip hop de Dr. Dre e Eminem, com elementos que vão do rock de Lou Reed em "Transformer", ao som de Black Sabbath e T-Rex. Conseguiu formar algo em mente? A mistura soa no quinto album auto intitulado simplesmente "AM" um disco que transcende aos limites do rock feito hoje em dia. Um rock que bebe em referencias sem parecer extremamente característico a algo, pelo contrario age em favor de um poderoso som dosado de maneira muito boa.

A energia da banda para trazer um album que se diferenciasse dos anteriores foi capaz de transformar o som do rock que eles faziam se aproximar de elementos do rap sem se tornar propriamente um album do genero. "Não há aqui sonoridade rap nisso (no album) para começar...", diz Alex para a NME. "Não vou me estressar se isso não é um disco de rock e sim de rap", continua. "Essa pior coisa..." O intuito é criar algo que seja mais proximo do que a banda nunca chegou nem perto em fazer. E aqui há backing vocals, riffs que deslizam numa ambientação tremendamente setentista. Sobre o que define esse novo trabalho, o vocalista da banda assume: "Certo", responde. "Soa como batidas do Dr. Dre, mas nós demos uma cortada de influencias de Ike Turner e nos lançamos galopando por um deserto através de uma Stratocaster"

Hoje em dia os quatro integrantes da banda (Turner, Matt Helders, Jamie Cook e Nick O'Malley) vivem em LA, proximo do glamour das festas e eventos da cidade onde vivem celebridades, modelos e gente ligada ao cinema. Nesse ambiente, eles confessam que as festas tem sido frequente em suas rotinas e que ao fim tudo parece meio surreal e superficial. O que em entrevista a New Musical Express admitem que os inspirou nesse novo disco. O reporter então o pergunta se tudo poderia ter sido passado numa festa na Hollywood Hills, as canções e letras do novo disco? "Não tenho muita certeza, realmente. Se fosse um filme eu gostaria que parecesse como sonhos numa sequencia de Fellini, onde você não tem exata certeza de nada.", diz Alex Turner. Essa nova fase da banda foi gravada nos estudios Sage & Sound, achado pela propria banda para servir de lugar para as gravações.

A banda antes de lançar o disco oficialmente já se deu de cara com diversos festivais em que assumiram o papel de headliners. Festivais, assim, como o de Glastonbury, onde fecharam a noite de sexta. Detalhe dividiram o topo das atrações com os Rolling Stones, ou seja, nada mais precisa ser provado de que os Arctic Monkeys, hoje, são uma das maiores bandas do mundo. Foram ainda para festivais em Portugal, Espanha e o de Austin City Limits.

O veredito desse novo disco da banda vai além de simples explicações. Se dissesse que é um disco excelente estaria sendo honesto. Não que haja o que discordar, mas não é uma obra-prima como deu a NME em sua resenha atribuindo uma nota de 10 ao disco. Entretanto, é um disco que figura entre os melhores do ano de 2013 sem duvida e possivelmente sem duvida o melhor da banda até aqui. A genialidade dos versos de Turner até mesmo em B Sides de singles lançados pela banda faz crer que não tem como ignorar o potencial que eles trazem na música e no rock hoje. Versos que se aprofundam substancialmente nos dramas masculinos e femininos, humanos, sim, mas por ser um disco sexy e provocativo faz com que tudo se torne mais intenso e viciante.

Admito aqui que não resisto em ouvir uma só musica desse novo album, costumo deixar rolando todas as faixas, da primeira faixa "Do I Wanna Know?", que traz aquelas batidas aqui e acolá de Dr.Dre, com riffs setentistas e poderosos numa balada que é devagar sem perder a sua força, passando pelas estonteantes "R U Mine?" e  "Arabella", a primeira é um tremendo furacão de riffs que hipnotizam em versos brilhantes. Esse single já havia sido lançado um ano antes. "They' ve come to find ya fall in some velvet morning. Years too late. She's a silver lining, lone ranger riding. Through an open space. In my mind, when she's not right there beside me.", canta Turner. A segunda começa em versos como se declarasse essa tal Arabella. "Arabella's got some interstellar gatorskin boots. And a Helter Skelter 'round her little finger and I ride it endlessly. She's got a Barbarella silver swimsuit. And when she needs to shelter from reality. She takes a dip in my daydreams.", até o refrão que cresce até estourar e soar uma boa levada de Black Sabbath: "Just might've tapped into your mind and soul. You can't be sure." Outra faixa sensacional, "One For The Road" começa bem R&B, tem Turner dividindo os microfones com Matt Helders fazendo falsetto "whoo, whoo" no fundo.

Turner entre um cigarro e outro.

A proxima faixa "I Want It All", tem levadas bem sexy e um tom glam-rock. Dando lugar para uma das mais belas faixas do disco, "No. 1 Party Anthem", que como lembra a NME parece com "Nobody Loves You (When You're Down And Out)", do John Lennon. Com pegadas que trazem um pouco de "Cornerstone", do album "Humbug" (09), a faixa é uma balada de alguem solitário num final de festa. Tem a voz de Turner em falsetto, linda. "Mad Sounds", a faixa seguinte tem estrutura que te lembra de pronto a coisas feitas por Lou Reed, principalmente no seu album "Transformer", um som leve e calmo com toda uma carga emocional ali: "Mad sounds in your ears make you feel alright. They'll bring you back to life. Mad sounds in your ears. They make you get up and dance. Make you get up." "Fireside", é bem agitada e tem guitarras bem presentes. "Why'd You Only Call Me When You're High?" é uma das faixas que dá pra perceber o hip hop logo de cara. Assim como todas as faixas são bem sexy. "Snap Out Of It" tem um Alex Turner te alertando que não vale a pena tentar nada se os flertes não levam a nada. "Knee Socks" tem dedo de Josh Homme que participa da faixa, em retribuição a que Turner fez no discaço do QOTSA, "...Like a Clockwork". E o album fecha com a linda "I Wanna Be Yours".



Sem duvida, os garotos de Sheffield que começaram dizendo que você leva jeito na pista de dança, agora já estão mais adultos e imersos no glamour de uma LA que para eles ainda preserva aquela atmosfera do cinema dos anos 50, 60, no visual e no corte de cabelo deles onde pode se notar. O que eles mais fascinam hoje na música é não serem repetitivos e sempre trazerem boas ideias. Turner constroi lindas composições e os sons que temos aqui é fruto de parceria sim, mas de uma visão interessante. "AM" é bem mais que um par de boas composições. Tem charme e é marcante. Não acho que é uma obra prima ainda. Pelo potencial que mostram aqui, não duvide, eles nem mostraram ainda sua obra prima máxima.







segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Quando o fogo começa... as pistas tem seu dono: Disclosure.

Donos da festa: os ingleses que revolucionaram a música em 2013. Chupa Daft Punk!
Marca registrada: Os rabiscos nos rostos das pessoas. Cool.


Dificil não reconhecer o Disclosure, a dupla composta pelos irmãos Guy e Howard Lawrence. Talvez não pelos rostos, que raramente são vistos com frequencia, e na maior parte das vezes em videoclipes e imagens ainda é tomada por um doddle que costuma ocupar o rosto deles. Porém com certeza os reconhece pelo som. Seja tocado em algum bar, clube, festa, evento. Aonde quer que vá, o som de "White Noise" (faixa com a presença de AlunaGeorge), "Latch" e "When The Fire Starts To Burn" te fará agitar as pernas de algum modo, dada a puresa do som dançante, que não se entrega aos dupsteps e sons eletronicos comuns nos dias de hoje. A dupla filtra em algo original que remete muito ao som garage inglês datado dos anos 90 e ao hibrido do deep house. As poderosas invenções são capazes de impressionar quem espera por bons momentos para curtir um som dançante, pop e nada apelativo.

A dupla domina o ano de 2013. Lançaram o disco bombado "Settle", foi o nome dos festivais bombados do ano, fizeram remixes de um monte gente bombada e esses fizeram versões das músicas dos caras. Não tem como se sentir indiferente aos caras que simplesmente deixaram Daft Punk e Queens Of The Stone Age atrás dos mais vendidos discos na Inglaterra. Eles sem duvida arrebentaram e isso é somente o primeiro trabalho dos caras. E o que mais surpreende é eles serem tão profissionais no trabalho que fazem.

Lendo a NME que traz os dois sujeitos na capa de setembro desse ano, verifiquei sujeitos tão inteiramente comprometidos com a música, de uma forma tão enormemente intensa que é admirável. Ao entrar para conhecer o local onde fizeram talvez o disco mais sensacional desse ano (e não coisa pouca num ano tão variado como esse), o jornalista se depara com um sótão de uma casa de leilões, onde ali em baixo duas portas surgiram. Uma delas levava ao local onde estavam os dois garotos mais badalados do ano. Em meio a paredes que traziam fotos de Michael Jackson e uma tapeçaria com o disco clássico do Genesis de 1976, "A Trick Of The Tail", disseram entre outras coisas que sobre o sucesso enorme não estão forçando os limites para alcançar o sucesso. Que o que eles fizeram trouxeram "não só a garotada como tiozões de 30 e 40 anos que estão ali curtindo a nostalgia pelo som." Que "acidentalmente atingiu dois públicos".

A revista ainda cita que eles são a cara da renascida cena da música eletronica britanica de garagem, tão vivida nos anos 90. E como nunca antes isso significou algo que possa renascer toda uma geração de música dançante na terra da rainha e no mundo de carona. E isso parte das cabeças geniais dos dois irmãos que mostram algo a dizer. Que não estão nem ai para essa coisa de ser rotulado de "mainstream", ou de que fazem um som pop para as massas. Pelo menos para Guy Lawrence. O irmão que já esteve em uma banda indie, que curte ouvir Foals, Friendly Fires e músicas do genero. E diz: "Posso dizer que a Rihanna é mainstream e posso dizer que somos mainstream, por causa de ambos termos números um no topo. Mas em termos de som, me nego a admitir que somos mainstream, de maneira alguma, jamais" Já o outro irmão Howard, é mais aberto dizendo que "a maioria das faixas do álbum são canções pop. A unica coisa que os diferencia de outras canções pop é por terem sido produzidas com a influencia de house e garage music". Howard é o irmão que prefere muito mais ficar em casa lendo um livro do que ir em um clube, o que soa irônico vindo dos donos das pistas nos dias de hoje. Enquanto ele nem bebe, o seu irmão toma a liberdade de beber, mas quando vai a um clube ambos compartilham de uma unica coisa: vão para assistir performance de DJ's e ouvir a música. Pensa.




O disco dos caras é uma profusão de hits bem costurados, trazendo o que de melhor se pode imaginar do som garage inglês dos anos 90, final dos anos 80. Não tem como não soar nada viciante e delirante. Como Guy menciona na revista, curtem dupstep e tal, mas como nas faixas do músico e produtor Skrillex, apesar de boas não possuem melodias, nem letras. Aqui eles revisitam um genero musical esquecido e o revitalisam. E o fazem jovial, novo e incrivel. Os sons eletronicos possuem letras em boa parte das principais canções do disco, letras boas de ouvir. Em "F for You", o dilema dos relacionamentos com letras bem boladas num som envolvente: "I've been infected with restless whispers and cheats. That manifested in words and the lies that you speak. Because I played the fool for you". Na faixa "Latch", com a performance de Sam Smith temos mais composições incriveis: "You lift my heart up. When the rest of me is down. You, you enchant me, even when you're not around. If there are boundaries, I will try to knock them down. I'm latching on babe, now I know what I have found. I feel we're close enough. I want to lock in your love. I think we're close enough. Could I lock in your love baby. Now I've got you in my space. I won't let go of you. Got you shackled in my embrace. I'm latching on you." Ouça a canção, busquem em algum site de streaming e acompanhe com a letra. E perceba que viagem. São sensacionais.



Para efeito de qualquer duvida, se ficou aqui. Tenha certeza eles me empolgam e se não te empolgaram ainda com sons tão incríveis você não tá levando a dupla de ingleses a sério, o que é uma vergonha.

Faixas imperdiveis: When The Fire Starts To Burn, Defeated No More (ft. Ed MacFarlane), Help Me Lose My Mind (ft. London Grammar) e You & Me (ft. Eliza Doolittle)



Ouça o disco na integra dos garotos donos de 2013.