sábado, 23 de novembro de 2013

O NOVO Paul McCartney

Paul, 71 bem conservados: Sua discografia nunca pareceu tão fresca quanto em 'NEW'

O som do rock'n roll, suas batidas e sinuosidades muito se deve aos anos em que no topo da Billboard estavam quatro garotos de Liverpool que faziam um rock inspirado em lendas da música, indo de Elvis, a Chuck Berry e os The Evely Brothers. Décadas se passaram, a música se modificou e mudou como esperado. E diante de nós está um daqueles quatro garotos de Liverpool que veio a não se acostumar com a idade e nem por um só instante parecer a idade que tem. Paul McCartney entrega agora seu 49° disco se contarmos seus discos nos Beatles, nos Wings, projetos solos, etc. Seu som nesse periodo se modificou, mas nem tanto. Há algo que o caracterize em cada periodo, claro, em seu som. O seu espirito continua o mesmo sempre em busca de algo que incite o novo sem parecer revolucionario, e sim alinhado com aquilo que mais sabe fazer na música: escrever belas canções acompanhadas de melodias de R&B, blues, com toques de synthpop em especial nesse novo disco.

O Paul McCartney de hoje carrega uma bagagem que traz principalmente a amizade que teve com John Lennon, a parceria musical que funcionou como força motora do que foi os Beatles. Eles deram ao rock aquilo que ele precisava, a atitude, o pop, os fãs, a mídia e tudo mais. Ao fim da banda em 70, em entrevista para a NME ele lembra que ficou pensando "Oh meu Deus, para onde vou agora? Tentar conseguir ir juntos com o Wings. Tem algumas faixas aqui..." Foi o que fez em 72, com seu primeiro trabalho com a banda composta por Denny Laine (ex-Moody Blues) na guitarra e sua mulher na época Linda McCartney nos teclados. Logo antes de se dedicar a nova banda havia lançado um album solo em 71, chamado Ram. Passando pela década de 80, ele lançou diversos discos solo, dando uma nova guinada em sua carrera musical agora concentrada em seu proprio nome. Lançou 'McCartney II' (1980), 'Tug of War' (1982), 'Pipes of Peace' (1983), 'Press to Play' (1986). Fez um disco 'Choba B CCCP' (Back in the USSR, traduzindo do russo) que circulou apenas pela União Soviética, e que posteriormente foi lançado no mundo apenas em 1991, e o disco, 'Flowers in the Dirt', o oitavo de sua carreira, que impulsionou sua primeira turne mundial desde a turne com os Wings, em 1976.


Com Linda em seu momento com o Wings.

Lançou tres discos na década de 90, Off the Ground (1993), sonoromente lembra o antecessor 'Flowers in the...', o nostalgico 'Flaming Pie' (1997) e o intenso e mais carregado de rock'n roll das antigas 'Run Devil Run' (1999). Em 2001, lançou 'Driving Rain', um album que acabou ganhando uma faixa adicionau "Freedom", em homenagem ao 11 de setembro, e logo em seguida veio 'Chaos and Creation in the Backyard' (2005) e 'Memory Almost Full' (2007) e um album de covers de músicas de jazz e pop, 'Kisses on the Bottom' (2012).

Na mega turnê com o Wings, que rendeu o disco "Wings Over America", um registro dos shows.

Escrever sobre Paul não é simples, você sempre se depara com coisas que gostaria de dizer, discos e sons que fez, sua vida nos Beatles, como compositor e um dos membros (se não o mais) mais pé no chão. O que escrevo aqui não sobre esse Paul do passado, pois esse está escrito. O que reserva Paul daqui pra frente? O NOVO. Assim, ele definiu seu novo trabalho. 'New' possui o que melhor ele fez nessas ultimas décadas. Soa fresco, intenso e nostalgico sem parecer demais caduco. Pelo contrário jorra criatividade e juventude. É impressionante como é fácil se deixar levar pelas memorias que Paul injeta nesse disco. Memorias que nem eu, nem você jamais tivemos. Um novo que guarda um passado que não devemos esquecer nem guardar, pelo contrário um passado que nos faz novo.


No estudio gravando 'NEW' em janeiro desse ano.


Nesse novo trabalho ele chamou uma força multi-tarefa de produtores ingleses bambas para coordenar o seu mais recente disco de composições novas, desde 'Memory Almost Full', de seis anos atrás. Mark Ronson (Amy Winehouse, Kaiser Chiefs), cuidou das faixas 'New' e 'Alligator'; Giles Martin (filho do produtor lendário dos Beatles, George) cuidou das faixas "On My Way to Work", "Appreciate", "Everybody Out There", "I Can Bet", "Looking at Her", e a faixa escondida "Scared"; Paul Epworth (premiado produtor pelo disco '21', da Adele), cuidou de "Save Us", o hit "Queenie Eye", e "Road"; Ethan Johns (filho do reconhecido produtor e engenheiro de som Glyn Johns, de historico de ter trabalhado com Led Zeppelin e The Who) cuidou das faixas "Early Days", "Hosanna" e "Turned Out", faixa presente na versão deluxe com trabalho adicional de Martin.

A faixa "Queenie Eye", Paul em uma entrevista disse que ela se tratava de uma brincadeira de criança, quando alguém vinha até ele, ele respondia: "I haven't got it, it isn't in my pocket", uma das melhores faixas do disco que inclusive teve videoclipe repleto de estrelas de Hollywood. Começa como se te instruisse na brincadeira e termina revelando que essas são as regras da vida. Genial Macca! "Play the game, taking chances. Every dance is much the same. Doesn't matter which event you choose. Never blame the circumstances. With romances seldom came. Never pick a fight you're gonna lose" e termina "It's a long way, to the finish.When you've never been before. I was nervous, but I did it. Now I'm going back for more. Hear the people shout" Outra faixa genial é a faixa-titulo, "New", que mistura o rock pop com guitarras glam, "All my life. I never knew. What I could be, what I could do. Then we were new." Simplesmente genial as composições desse disco. Um Paul muito inspirado. Achei que de longe esse é um trabalhos mais legais desse ano. O album em si todo alcança um ponto alto, as canções apesar de serem de produtores diferentes atinge perfeita coesão e surpreende. Apesar disso destaco aqui as faixas. "I Can Bet", "Everybody Out There", "Looking at Her" e "Alligator".



Macca on the cover in 2013...










Em "Early Days", Paul revela certos momentos com os Beatles. "Dressed in black from head to toe. Two guitars across our backs, we would walk the city roads. Seeking someone who would listen to the music. That we were writing down at home.", numa alusão a possiveis momentos com John Lennon. "Hair slicked back with vaseline. Like the pictures on the wall of the local record shop. Hearing noises we were destined to remember. We willed the thrill to never stop." Nessa faixa ele recorda dos que procuram sempre levantar coisas que nunca aconteceram com eles juntos. "Now everybody seems to have their own opinion. Who did this and who did that. But as for me I don't see how they can remember. When they weren't where it was at."

Num disco que de longe lembra um disco que em certos momentos os Beatles, os Wings, ou até mesmo junto de Lennon fariam juntos. Um disco ligado ao passado, com a sede de criar algo novo nessa vida. Assim é ao mesmo tempo Paul McCartney. Perguntados pela NME, os produtores diziam algo proximo do seguinte: "Não acho que Paul queira crescer." Ao que Paul responde: "Yeah! Eu acho que é verdade. (...) Você sabe o que eu penso? Mentalmente, eu não penso em mim mesmo como tendo essa idade que eu tenho. É um pouco chocante, você não acha?" E quem disse que ele cresceu afinal. Que ele não continua tão intenso, criativo, brilhante como nunca esteve nos Beatles anos atrás. Como ele finaliza na composição da faixa "Early Days", do seu novo disco: "I lived through those early days." E que ouso complementar: Sem deixar que os outros saibam aonde está a bola, como na brincadeira de Queenie Eye. A bola aqui o segredo de sua música, sempre tão fascinante.

Paul parando NY: Em divulgação de 'NEW', ELE PARA NOVA YORK, digo transito, comércio. Tudo.






> Espero poder realizar meu sonho de ver ele ao vivo ano que vem, já que terá a Copa do Mundo aqui no país, uma boa oportunidade de ele voltar a América do Sul, mais precisamente no Brasil, e em São Paulo se for possivel, por favor Macca, por favor!!

Lenda.  Foto: The Guardian

Nenhum comentário:

Postar um comentário