sexta-feira, 6 de maio de 2016

A playlist perfeita.

* A ideia de criar A PLAYLIST DEFINITIVA para esse tempo.



As vezes me pergunto: Como é que raios eu passava há quinze anos atrás consumindo música comprando um álbum, e esse álbum custava os olhos da cara e a unica opção era ouvir o mesmo disco mil vezes?  Por que se comprar dois pode ter certeza que iriamos passar o mês vivendo de migalhas. Detalhe: muitos da minha idade, 20, 25 anos estavam no ensino médio, o que significa passavam o tempo todo sem grana. Até que surgiu o YouTube, lá pelos tempos de 2007, 2008 e podíamos dar um play em uma canção que consumia horrores de discagem da internet. Isso quando não resolvíamos baixar pelos programas Kazaa, Emule, Napster, etc. Esperando Jesus voltar, mas a música nada.

Hoje temos serviços de streaming que fazem toda o serviço de comprar todos os discos, baixar todos os discos esperando uma eternidade. E com isso vem playlists. E com isso vem a versão dos nossos tempos de fitas cassetes que fazíamos para pessoas que amávamos, sendo nesse caso, um pretexto para conquistar corações, amizades ou nossa propria pessoa, afinal a gente sempre se amou né.

Playlists faz o trabalho do psicologo muitas vezes. Você ouve uma sequencia legal e toma umas mensagem, embalado pelos ritmos certos. Não tem como se ignorar perante a nossa existência. Pode ser aquelas: Momentos de Solidão, Corações partidos, Decepções amorosas, Pensando na Vida, etc. No final, resta as doses de sentimentos aflorados.

Essa invenção divina foi massificado com a invenção realizada em Estocolmo, Suécia chamada Spotify. De lá pra cá, teve o Pandora nos EUA que fez barulho criando rádios especificas para certos assuntos. Teve Deezer, Rdio (hoje, RIP) e entre outros. No Brasil, tinha um chamado Sonora, do portal de noticias Terra. Era horrendo, mas inovava trazendo esse tipo de serviço aqui no Brasil. Em 2016, o país tem Google Music, Tidal, Apple Music, Napster (só o nome restou, do serviço Rhapsody), Groove, etc.

Nesse momento vivemos num oásis de conhecimento musical. Podemos entender muito, sem o menor esforço. A playlist imbatível é aquela que te mostra quem você é de verdade. Sem filtros, sem maquiagem. Ela tira a sua roupa e te deixa pelado, na frente das pessoas. No metrô, no parque correndo, na festa, no trabalho. Te deixa acima da existência, dançando enquanto percebe que a vida é uma droga e nada vai dar certo. Pode parecer desesperador pensar assim, mas ao som de The Black Keys em "Gotta Get Away" parece que não importa tanto. No final, somos nós mesmos.

* Frances Ha (Noah Baumbach, 2012) melhor filme. Greta Gerwig dançando ao som de "Modern Love", do Bowie. Melhor cena.





*Link interessante sobre a música nos dias de hoje... Uma observação desses tempos.



quarta-feira, 4 de maio de 2016

Queimem as bruxas. Nós sabemos aonde vivem. O novo som do Radiohead.

Atirando bruxas no fogo.

A banda que chacoalhou o rock dos anos 90, inovando com um som progressivo diferente de tudo o que foi feito (isso até aqui), com guitarras distorcidas, som pesado e letras provocadoras, está trazendo o novo som para um novo tempo. Radiohead é sinônimo de musica depressiva muitas vezes por se despir em suas canções de estruturas convencionais e buscar sons etéreos. Thom Yorke, o genial vocalista, deixa sua voz rolar, em meio a batidas e sons que ecoam em nossas mentes. Jonny Greenwood solta aquelas guitarras distorcidas lindas que fazem o som ambiente dessas canções majestosas, como as já unicas No Surprise, Jigsaw Falling into Place, All I Need, etc.

Depois do barulho causado, após apagar todos os perfis em redes sociais e deixá-los em branco, eles liberaram ontem o novo som. "Burn the Witch" é assustadoramente bela. A audição da canção parece simples, mas carrega um medo dos tempos em que vivemos.

"Red crosses on wooden doors
And if you float you burn
Loose talk around tables
Abandon all reason
Avoid all eye contact
Do not react
Shoot the messengers

This is a low flying panic attack
Sing the song of sixpence that goes"

O videoclipe é outra maravilha. Dirigido por Chris Hopewell, o filme foi feito com personagens animados feitos com massinhas, baseado em uma série infantil inglesa dos anos 60, chamada Trumpton. Há referencias ao filme "O Sacrificio" (The Wicker Man), de 1973.



Um belo retorno dos ingleses.



terça-feira, 3 de maio de 2016

Vinyl mostra a fúria musical de uma geração



* It's all about the songs, guys. Can you hum it? Will you remember it tomorrow? Does it make you want to call the radio station and ask who the band they just played was? Think back. Think back to the first time you heard a song that made the hairs on the back of your neck stand up, made you want to dance, or fuck or go our and kick somebody's ass! That's what I want! In two weeks.
                                                                                                        - Richie Finestra


Mick Jagger e Bobby Cannavale. Ambos separados pela ficção e realidade.

O mundo do rock teve um ápice em sua historia como gênero musical. Quando o blues inspirou um blues rock, guitarras mais rápidas, um som mais afinado, com melodias que passeavam por inspirados acordes, foi quando Elvis Presley surgiu, assim como Jerry Lee Lewis, Howlin' Wolf, Johnny Winters, entre outros percursores. Esses foram os anos 60. Ainda não foi o ápice. A Inglaterra tomaria notas do que acontecia em solo americano e aperfeiçoou o rock e o transformou em um delírio, uma projeção do que viria a ser o pop. Os Beatles trouxe novos elementos e transformou a industria em um negocio cada vez mais rentável. As gravadoras passaram a ganhar dinheiro como nunca. O ambiente promissor para a música abria as portas para um negocio lucrativo.

Os anos 70 chegaram com a ressaca do movimento hippie, Woodstock e LSD. A música ainda estava atordoada com os discos de MC5, The Stooges e The Velvet Underground, falando da realidade das ruas de Detroit e Nova York. Com os ingleses revolucionando com os sons do The Who, David Bowie e Led Zeppelin, a cena em NY trazia um barulho ensurdecedor. E é nesse ritmo que o produtor Terrence Winter, o cineasta Martin Scorsese e o musico lendário Mick Jagger se uniram para contar histórias do ápice do rock como gênero musical, inovando em ritmos, influencias e mercado musical passeando pelas ruas novaiorquinas da época.



A ideia inicial era fazer um filme longo. Que passasse das três horas de duração, contando uma epopeia musical, tendo a cidade de NY como palco dessa revolução. Essa ideia partiu dos "bons companheiros" Martin Scorsese e Mick Jagger. Com a entrada de Winter, amigo de Scorsese e produtor de séries como Sopranos e Boardwalk Empire, a intenção de dar espaço narrativo para mais histórias em uma série ganha força. 

A HBO abraçou a ideia e lançou a série em Janeiro desse ano. O primeiro episodio é um soco no estomago. "That's rock n' roll -- it's fast, it's dirty, it smashes you over the head.", esbraveja Richie Finestra, interpretado soberbamente pelo ator Bobby Cannavale. Finestra é dono da gravadora "American Century Records" que anda passando por maus bocados, com artistas saindo e as dividas crescendo.

O envolvimento de Richie Finestra com o som bluezero de Lester Grimes (Ato Essandoh), foi o motor que impulsionou sua vida a frente de uma gravadora. O que trazia Grimes, um talento nato, foi lapidado até chegar em um produto musical popular e desperdiçado. Finestra se sente mal e sabe que não valorizou o talento que tinha, muito em parte, em detrimento do envolvimento de Maury Gold, um mafioso dono da gravadora que coordenava as ações de Finestra em seu começo de carreira. O que a história nos deixa são histórias de fracasso em meio ao brilho do rock, por que se houve glamour foi nas drogas, sexo e rock'n roll. O que os musicos, empresários e pessoas proximas sentiam era um completo vazio.



A mafia e o rock'n roll americano tem uma relação estreita e isso não é mais novidade. O que 'Vinyl' traz é uma viagem por dentro desse negocio. E ninguem melhor para dilacerar esses eventos do que Martin Scorsese, principalmente no piloto da série que dirige.

Não tem como não se sentir tragado, como uma poderosa droga no corpo, vendo essa série. O som do rock vibrante, tão presente em livros sensacionais sobre o periodo como 'Mate-me Por Favor' de Legs Mcneil e Gillian Mccain está aqui mais vivo do nunca. O som que saem das guitarras do Nasty Bits, banda liderada por Kip Stevens (James Jagger, sim, filho de Mick Jagger) que na série se entrega de corpo e alma ao papel. Destaque para a atriz Juno Temple como Jamie Vine que faz o interesse sexual de Kip Stevens e a estonteante - e que olhos - Olivia Wilde que interpreta Devon, a queridinha de Andy Warhol e futura esposa de Finestra. Outros destaques são os outros sócios da American Century Records, juntos de Finestra, interpretados por P.J Byrne (Scott Levitt), Ray Romano (Zak Yankovich) e Annie Parisse (Andrea Zito).

fonte / HBO


A série não empolgou muito entre o publico, mas a HBO renovou a série para a segunda temporada. Com a saida de Terence Winter como um dos showrunners responsaveis pela série, devido a diferenças criativas e a entrada de Scott. Z Burns ("O Ultimato Bourne") e Max Borenstein ("Godzilla" e "Minority Report") como produtores executivos, deixa a série sem muitas perspectivas certas de como se dará as próximas temporadas. O que fica dessa primeira temporada é a explosão em nossa cara, com um roteiro afiado e viciante, 'Vinyl' é uma série que promete ser marcante como 'Mad Men' foi recentemente. Uma história sobre uma época unica em uma Nova York do passado. Os dez episódios são tão viciantes quanto uma tirada de cocaína no sangue.