quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Historias de 2017. Contos sobre os filmes que fizeram o ano.


Logan (dir. James Mangold) não entra na lista porque foram somente dez filmes que selecionei, mas é um filme inesquecivel e merece menção honrrosa na foto do post. 


O ano que se foi deixou um legado de filmes autorais cada vez mais autênticos. Em outros anos a quantidade foi menor, ou pelo menos a impressão deixada fosse essa. O mundo mudou muito desde aquele ano de 2016 onde muitos condenaram a falta de negros e gays entre os indicados ao Oscar. Em 2017, Moonlight, de Barry Jenkins levou a estatueta de melhor filme... Ou quase já que devido a uma gafe homérica, os realizadores do Oscar entregaram os envelopes errados nas mãos de Warren Betty e Faye Dunaway, que desconcertados foram corrigidos pelo diretor de La La Land, filme anunciado pelo o par no palco ao vivo para milhões. Moonlight conta a história de um garoto em três épocas distintas, percorrendo sua história de vida e descobertas sexuais e pessoais.

Esse ano para o cinema pode ser dividido em filmes que contam a história de indivíduos em busca de uma saida de algo que os prende. Seja dentro da mente (Get Out), seja de uma força policial que aflige (Detroit), seja de uma praia em meio a bombardeios nazistas (Dunkirk). O medo percorre as histórias dos melhores filmes do ano. Talvez o medo do presente com um presidente como Donald Trump na Casa Branca ajude a compreender a angústia que se transmite nas telas. Em Okja, filme do sul coreano Bong Joon-ho temos o medo presente nos olhos de uma garota que vê o seu bicho, um gigante porco sendo preso e levado para o abate, onde a dona de grande conglomerado alimentício (interpretado brilhantemente pela atriz Tilda Swinton) deseja fabricar um produto com a carne dos muitos porcos gigantes assim como okja, o animal da garota. E esse medo chega até Asgard onde o Thor dos quadrinhos da Marvel vê o seu planeta invadido e subjugado por uma filha de seu pai e deusa da morte interpretada por Cate Blanchett. 

Se o cinema expressa sentimentos de nossas miseráveis vidas, por meio de histórias sobre vidas que percorrem surreais caminhos e nos leva a atentar para o passado e futuro com os olhos para o presente, significa que o trabalho do diretor e equipe técnica foi feita com esmero. O poder dos filmes é subestimado. Além de um entretenimento que nos leva a percorrer filas para a compra de bilhetes e pipocas, cada tela que se acende abre buracos misteriosos que podem carregar enormes reflexões sobre a nossa existência nessa vida, apaziguar corações que foram machucados ou feridos, dar impulso a realizar sonhos que a vida pode ter os desencorajados. Em 2017, filmes atrás de filmes tocaram pessoas mais fundo dentro delas e as mostrou que o medo não resiste a força que está dentro de cada um dos que se deixaram levar pelas histórias contadas nas telas, seja as do cinema ou as do Netflix.

Aqui vou colocar os filmes que eu vi nesse ano, com muitas ausencias devido a agenda dos filmes cujas estreias nos Estados Unidos deixa de fora o Brasil somente para uma estreia em 2018. Aqui coloco alguns filmes que fizeram a minha cabeça e entra em certo dez melhores do ano. Voilá...

  • Star Wars: The Last Jedi (Os Ultimos Jedi)

Rian Johnson fez bem mais do que mostrar o porque é um diretor que abraça os filmes com o desafio de os tornar algo maior do que a média. O seu Star Wars se torna um filme ousado, que mantém o clima dos antecessores, sem perder a ousadia de mudar toda a história. Carrie Fisher se despede do papel que a eternizou. Um filme memorável e emocionante. 

  • Detroit 

A história que ocorreu em 1967 em um hotel em Detroit em meio a uma rebelião racial que ocorreu por todo a cidade por cinco dias, chocou o mundo. Policiais invadiram o local e fizeram pessoas inocentes em reféns onde por um mal entendido, boa parte dos ocupantes do hotel foram assassinados. As familias desses ocupantes que eram negros nunca viram justiça, já que todos os policiais foram absolvidos. A diretora de Guerra ao Terror, Katheryn Bigelow vai fundo e cria uma obra muito bem filmada, com uma ótima trilha sonora. 

  • Get Out (Corra!)

Vibrante, assustador e dilacerante. A obra prima do estreante Jordan Peele nos pega desprevenidos a todo o momento. Com um humor que se mostra presente na capacidade de nos chocar com a critica social e no preconceito racial, o casal Chris e Rose são tudo aquilo que você não espera que seja, com frames e fotografias que nos traga para dentro de uma história surreal. Melhor filme de 2017, indiscutível. 

  • The Lost City of Z (A Cidade Perdida de Z)

Por dentro da ambição humana, vemos como o desejo de se tornar algo maior do que nós mesmo nos transforma em algo que nunca esperavámos ser. Nesse filme de James Gray somos levados para uma obra que apresenta as muitas épocas em que o explorador Major Percy Fawcett (Charlie Hunnam) viveu em busca de achar sua glória maior em meio a floresta amazônica. Visualmente o filme é um delirio e o roteiro busca uma profundidade de uma epopéia monumental, ao final sendo uma obra muito bem realizada com muitas intenções e dentre elas a maior parte realizada. Esplêndido. 

  • Baby Driver  

Edgar Wright conhece os meandros de um filme pop até a medula. Em 'Baby Driver', o diretor nos entrega uma trilha-sonora matadora, em um filme extremamente bem editado e com atores muito bem em cena. O timing do filme nos deixa sem ar, da mesma maneira como o motorista de nome Baby sabe sair bem das fugas nos assaltos que participa. 

  • Colossal 

Aqui está um filme que hesitei em colocar mas parece improvável deixar de lado uma obra que aparentemente é uma comédia sem nenhum trunfo, quando na realidade deixa em seu humor negro uma história que envolve uma moral bem contada e extremamente engraçada. Anne Hathaway entre uma de suas melhores performances e o diretor Nacho Vigalondo captura bem a mensagem do filme por meio das surreais aparições dos monstros.

  • Dunkirk 

Christopher Nolan mostra um filme que retrata a guerra sem uma mensagem de vencedores e perdedores, e onde não se vê  no horizonte nada além de sobrevivencia ao invés de vitoria. As cenas filmadas na praia deixam atônitos os mais profundos apaixonados por cinema. Em um ambiente cloustrofóbico, a trilha sonora que soa com tiques de um relógio e a determinação de simples individuos em busca de mostrar solidariedade humana torna o filme uma experiência transcedental.


  • The Square 

Um curador de um museu promove uma exposição sobre a indiferença humana entre os individuos de uma sociedade. O que ele não percebe é que a propria arte que ele conhece não retrata aquilo em que ele acredita. Em um misto de situações completamente absurdas vemos de propagandas com mensagens suspeitas a um ator imitando um simio e provocando as mais viscerais reações de uma platéia. O diretor Ruben Ostlund nos arranca uma das mais surreias experiências do ano no cinema.

  • The Discovery 

O que vem depois da morte? Uma pergunta respondida pelo diretor Charlie McDowell em The Discovery, um filme que conta a história de duas pessoas que se encontram acidentalmente e criam laços. Rooney Mara e Jason Segel criam atuações viscerais em um filme com uma boa história. 

  • Blade Runner 2049

Denis Villeneuve embarca em um desafio cinematografico muito maior do que qualquer outro já desafiado por um diretor de cinema depois dele: realizar uma boa continuação do classico filme de Ridley Scott (aqui como produtor) Blade Runner (1982) adaptação para o cinema da obra de Philip K. Dick. E o resultado é um filme tão imenso quanto. Tão forte quanto. Ryan Gosling agora é o policial e Harrison Ford mantem vivo o seu sarcasmo de antes. 2049 exagera na medida e é deslumbrante. Roger Deakins na fotografia tem o mérito todo.


Claro que tem mais filmes e esses aqui não é nem de longe o reflexo dos dez melhores, mas foram os que mais me impactaram e de certa forma foram os meus favoritos no ano (até o momento, já que devido a agenda de lançamentos no Brasil ainda não vi Call Me By Your Name, Darkest Hour, Three Billboards Outside, Ebbing, Missouri, Coco, entre outros).

Devo fazer uma lista dos filmes que mais gostei do Oscar que terá todos esses.

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