sábado, 8 de fevereiro de 2014

Para quê precisamos de mais um disco do U2?

Don't play with irish people: um retorno ao passado misturando rock com eletrônica.

Agora vamos falar de uma banda de mais de trinta anos, de quatro sujeitos que dominaram o cenário pop e rock com um som que variou muito indo do punk rock ao folk, passando pelo blues, misturando com a musica eletrônica dos anos 90, chegando ao som pop da década passada. Estou falando do U2, aquela banda que lota estádios, faz discos milionários e fãs fiéis ao redor do mundo. A mesma banda que ficou famosa por músicas que não são fáceis de se ouvir com frequência, a maior parte delas baladas românticas que falam de amor, e a busca por um certo tipo de amor que parece transcender e ser utópico. E eles esgotam shows em estádios de 70 mil lugares em minutos, com esse repertório, que vem inspirando uma legião de bandas que fazem sucesso hoje tais como Keane, Coldplay e The Killers. E agora eu pergunto, após tanto tempo e depois de eu citar brevemente as principais características da banda, eu pergunto, ainda há lugar para uma banda como eles nos dias de hoje? Por que essa pergunta? Vamos nos ater ao que eles representaram no passado. E agora, o que podem representar para uma geração que busca novidades que sejam ao mesmo tempo relevantes e atuais.

"Nós vínhamos tentando compreender, 'Por que alguém poderia querer um outro álbum do U2'? E então dissemos: 'Bem, por que nós iríamos querer um outro álbum?' Existiam alguns negócios inacabados. Nós sentíamos como se nós estivéssemos a beira da irrelevância.", desabafou Bono essa semana em uma entrevista ao apresentador Zane Lowe, da rádio BBC Radio 1, da Inglaterra. E é interessante ele ter consciencia dessa questão que não só parece ser uma preocupação dele, mas como de toda a banda, do guitarrista The Edge, do baixista Adam Clayton e do baterista Larry Mullen Jr., e a resposta a essa questão pode ser fácil de responder sobre uma perspectiva, por outro ainda gera outra escalada de duvidas.





É o medo de estar a beira da irrelevância e fazer um som cansativo, de certa forma como soou para muitos críticos, fãs e o publico em geral o ultimo álbum deles, "No Line On The Horizon", de 2009 que de fato foi uma parada brusca naquele som que vencia Grammys, dos dois discos anteriores, repleto de melodias pop rock e refrões apoteóticos. O ultimo disco realmente carecia de hits que fizessem mais barulho. Ou não, talvez aquele som realmente fosse muito bom, tinha hits interessantes como "Breathe", "Unknown Caller" e "I Know I'll Go Crazy if You Don't Go Crazy Tonight", mas que não chamaram muito atenção da mídia e em parte pela arte conceitual que é bem monótona mesma, porém não é um disco ruim, não a ponto de eles repensarem a carreira, mas talvez a urgência para serem relevantes tenha sido o motor desse novo processo criativo da banda, que testou diversos produtores, não teve sucesso com boa parte deles até achar o produtor Danger Mouse, responsável pelos últimos álbum do The Black Keys. E realmente parece ter sido esse o caminho correto, de acordo com pessoas que estiveram no lendário Eletric Lady Studios, em Nova York onde a banda grava e parece já estar fazendo as mixagens de alguns sons do décimo terceiro disco da carreira, que ouviram o som disseram que realmente anda ficando além das expectativas do grupo.

Eles estão longe de estarem datados. São uma das poucas bandas que souberam se reinventar e não fazer um som que definisse a carreira deles. Como citei no inicio do texto, eles não ficaram num estilo único de música, exceto é claro pelo que os marcou, como criadores de canções, ou se preferir hinos que exaltam o amor platônico, aquele que nunca se alcança, que sempre se encontra perdido e inalcançável. Do disco de estréia "Boy", aos seguintes "War" e "Octuber" que falavam de dramas adolescentes e som de protesto, deram inicio ao tom apoteótico de arenas em "Unforgettable Fire" e "Joshua Tree". Em "Achtung Baby" se reinventou visualmente e sonoramente, abandonando canções carregadas de blues em letras que pareciam desesperadamente tentar descobrir o sentido das coisas, e embarcaram num som cheio de sintetizadores e ambiente techno pop, que seguiu em "Zooropa" e "Pop". Até fazer um mix de toda a carreira nos discos seguintes "All The Things That You Can't Left Behind" e "How To Dismontle an Atomic Bomb", carregado no pop dos anos 2000. O que se pode tirar aqui é que eles sempre procuraram estar relevantes, fazendo o som que marcaram as décadas, não de maneira simplista mas trazendo os riffs marcantes de The Edge, as letras dilacerantes de Bono e o talento da banda que sempre esteve juntas nas megalomaniacas turnês que sempre fez parte da história da banda.

Com o Globo de Ouro em mãos: consagração da canção "Ordinary Love"

Talvez seja a grandeza das turnês seja uma das razões da banda pode estar saturada. Entretanto parece ser desejo da banda fazer shows indoor na turnê desse novo disco que sai esse ano. Pelo primeiro single do novo disco, a recém lançada "Invisible", podemos constatar que as influencias aqui são claramente daquele período da banda entre "Zooropa" e "Pop". Eles não querem se reinventar aqui, parecem querer serem a banda que eles sempre quiseram ser, e isso pode ser uma boa para a banda. Bono disse a BBC Radio 1 que eles vem ouvindo muito Ramones e Kraftwerk para esse novo disco. Um traço disso dá pra sentir já aqui nesse single, que foi lançado domingo passado durante o Super Bowl e promoveu uma doação de cada download do Itunes que esteve gratuito por 24 horas para a instituição da banda, RED, que cuida de crianças aidéticas na África. Toda uma doação feita num acordo com o Bank of America.

A banda que se reinventa disco a disco parece surpreender aqui de novo, por essa amostra que foi lançada agora. Vamos esperar pelo que vai trazer o novo disco da banda, que desde já parece ser a coroação do ano da banda, esse de 2014, já que ganharam Globo de Ouro e são favoritos ao Oscar pela canção tema "Ordinary Love", do filme biográfico "Mandela: Long Walk to Freedom".



It’s like the room just cleared of smoke
I didn’t even want the heart you broke
It’s yours to keep
You just might need one

I finally found my real name
I won’t be me when you see me again
No, I won’t be my father’s son

I’m more than you know
I’m more than you see here
More than you let me be
I’m more than you know
A body in a soul
You don’t see me but you will
I am not invisible

That's right
I’ll be in the invisible world

I don’t dream, not as such
I don’t even think about you that much
Unless I start to think at all

All those frozen days
And your frozen ways
They melt away your face like snow

I’m more than you know
I’m more than you see here
I’m more than you let me be
I’m more than you know
A body in a soul
You don’t see me but you will
I am not invisible
I am here

I am here

There is no them
There is no them
There’s only us
There’s only us
There is no them
There is no them
There’s only us
There’s only us
There is no them
There is no them
There’s only you
And there’s only me
There is no them



ATUALIZAÇÃO: A revista Billboard adiantou a noticia de que a banda adiou o lançamento do novo disco, prometido pela própria banda para esse ano, para 2015, devido a novos reajustes no disco, agora nas mãos dos produtores Paul Epworth e Ryan Tedder, conhecido por sua banda One Republic. Até o momento, sem previsão para quando se será no inicio ou no fim do próximo ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário