segunda-feira, 21 de abril de 2014

Foster The People alcançando a maturidade

Os californianos que flertam com o pop e o indie desvendando um lado novo.


Depois do estrondoso sucesso de 2011, com o hit "Pumped-Up Kids", o Foster The People quer esquecer o barulho do primeiro disco, "Torches". Não que tenha sido algo ruim, pelo contrário como lembra o vocalista Mark Foster que dá nome a banda, o sucesso "abriu um tapete vermelho" para eles. Entretanto, as canções de tons pop rock dançantes seria o caminho seguido pela banda em um segundo disco? E o que viria depois da sina do primeiro (bom) disco? "Eu tenho medo de uma queda com o nosso segundo disco desde antes do nosso primeiro disco ter saído", confessa Foster. É a velha pressão de bandas nova de conseguirem se reinventarem e não se tornarem obsoletas para o mesmo publico que lhes acolheu tão satisfatoriamente.

Após os sons tão bacanas do primeiro disco, que mesclava os auto tunes, com batidas eletrônicas e sintetizadores com letras inteligentes e melodias pop, o novo Foster The People quer mostrar que é banda de gente grande. O segundo disco "Supermodel", agora traz guitarras e riffs mais que sintetizadores, a voz de Mark agora pode ser ouvida em todos os momentos, inclusive as variaçoes de voz, e se ainda há canções pop no disco, eles resolveram inovar. Surgem belas canções lentas, um choque para os ouvintes fiéis do primeiro disco, a bela "Nevermind". Surgem batidas africanas em  "Are You What You Want to Be?". Uma imersão em canções psicodélicas na onda de Tame Impala e Pond, em "Pseudologia Fantastica". Além da presença de um pouco de rap em "A Beginner’s Guide To Destroying The Moon".

Os singles "Best Friend" e "Coming Of Age", talvez os pontos altos do disco são canções com letras de mensagens poderosas e ritmos tão inovadores quanto dançantes. O primeiro é uma musica com ecos nos riffs de Nile Rodgers e seu Chic e da época do disco. Já a segunda é um delicioso som que ecoa pelos ouvidos como uma mensagem para nós mesmos em nossas vidas, um daqueles espasmos que surgem na música de um pop/dançante/que te diz para aproveitar da vida. "You know I try to live without regrets. I'm always moving forward and not looking back. But I tend to leave a trail of death. While I'm moving ahead.", confessa Foster num tom de voz hipnotizante. E completa no que é a melhor composição do disco: "And when my fear pulls me out to sea. And the stars are hidden by my pride and my enemies. I seem to hurt the people that I care the most. Just like an animal I protect my pride. When I'm too bruised to fight. And even when I'm wrong. I tend to think I'm right. Well I'm bored of the game. And too tired to rage." Em outras palavras, a canção é envolvente e dançante, mas vai te fazer pensar. Genial.

Não se bastando a rótulos fáceis de bandas pop, os Foster The People são bem mais profundos do que pintam e isso pode servir para surpreender que ouve. Tirando rotulos também de serem mais uma versão mais popular de MGMT, entre outros tantos eles provam em 'Supermodel' que ainda estão no jogo e não deixaram a peteca cair. O disco foi produzido pelo bamba Paul Epworth, que fez o '21' de Adele, e passou também por Mark Ronson e vem recebido boas reviews. 

Uma das inspirações de Foster para esse disco foi a revolta presente no terceiro disco da banda punk inglesa The Clash, 'Sandinista!'. Ele se diz nada confortavel com as muitas facetas da cultura ocidental que vivemos. "Para mim, muito do disco é sobre a cultura Ocidental, o consumismo e o lado feio do capitalismo", confessa. "Eu não quero ficar enfiando na sua cabeça isso, mas esses são os principais temas. Uma coisa que acho realmente interessante hoje em dia é a nossa adoração a celebridades ou politicos. Gostamos de colocar as pessoas em pedestais. Olhe para os reality shows. Essas pessoas tornam-se estrelas gigantes. Acho fascinante (o disco) 'Supermodel', pra mim representa a idade que estamos vivendo dentro"


Para promover e expressar a alma do disco, foi feito uma enorme pintura na cobertura do Santa Fe Lofts, o historico edificio da região da California que apresenta agora um mural de sete andares retratando a arte do disco 'Supermodel'. Foster diz querer "comunicar algo fora da música". É um desenho psicodélico feito pelo artista visual e músico Young & Sick, e apresenta uma modelo de salto alto vomitando um poema enquanto vários paparazzi clicam ela com suas câmeras. O desenho lembra a arte conceitual da capa do disco "Supermodel".

Agora alcançando a maturidade, com pensamentos políticos, um som mais apurado e atraente, o Foster The People deixa a brincadeira, namoros e diversão para dar lugar a sombrias letras que falam da vida em que vivemos. Sem filtros e nua para encararmos enquanto dançamos.




Obs: a entrevista que Mark Foster deu está contida na matéria feita pelo Los Angeles Times, vale uma conferida tá bem legal. (((CLIQUE AQUI)))) 

A banda no Coachella desse ano, levando a plateia em êxtase.

Nenhum comentário:

Postar um comentário