terça-feira, 26 de maio de 2015

Mumford & Sons mostra o lado selvagem da noite ao som de guitarras elétricas

Sem nada que os prende: Os Mumfords querem o som das guitarras.

Fora os banjos e fora os duble-bass. O som agora é o rock'n roll.


Numa viagem de buscas por uma urgência, temperamentos diversos e letras profundas e intensas, a banda de Marcus Mumford, Ben Lovett, Winston Marshall e Ted Dwayne desafia-se a si mesmo enquanto banda, deixando de lado o folk tão marcante nas canções de seus dois primeiros discos e parte para aquilo que consideram ser o seu eu mais intimo: são uma banda de rock'n roll e ponto. Talvez até ai, uma evolução sonora era mais do que esperado, afinal Babel (2012), nada mais soa como uma triunfante continuação do aclamado primeiro disco Sigh No More (2009). O que vemos aqui vai além do que esperávamos da banda que nasceu em pubs londrinos na década passada. Os Mumfords saem do folk como uma das maiores bandas do planeta, tendo já fechado dias de festivais como o de Glastonbury. Em "Wilder Mind", o terceiro disco da banda, tudo soa qualquer outra banda que você já tenha ouvido. De Dire Straits, passando por Coldplay, a The National, The Cars, e Kings Of Leon. O banjo, tão presente no som marcante na voz de Marcus, desaparece. Surge por vezes a guitarra elétrica arrancando um som alto e poderoso que pode nos levar a em algum lugar um Foo Fighters? "Wow, Britpop, é isso que voce esta dizendo?!", exaspera Marcus Mumford... "Foo Fighters, Coldplay!.. Er..Paolo Nutini?" e a inevitável comparação de "Dylan usa guitarras elétricas", assim descreveu a revista inglesa Q, ao ouvir o novo disco da banda em uma passei por Londres, com o vocalista. O resultado fizeram muitos estranharem demais a pegada pop que dizem terem partido a banda, mas o resultado é um disco que não tem medo de dizer aquilo que deseja. Já dessa vez para o seminário inglês NME, a banda diz que não vê outro resultado para o terceiro disco, se não assumir o lado rock'n roll de jaquetas de couro que vem usando, abandonando de vez as roupas tipicas folk dos dois últimos trabalhos que incluirão um disco ao vivo nas famosas Red Rocks. Um disco ao vivo que mostra a banda no seu auge no ano de 2013. Hoje, depois de anos longe dos palcos, eles estão prontos para assumir sua verdadeira face ao publico.

"Querendo ser musicos, nós tivemos que ser focados pra caramba na questão de cortar pelo barulho das expectativas, e sobre o que os seus companheiros estão fazendo" ("Wanting to be musicians, we had to be pretty fucking single-minded in order to cut through the noise of expectation, and what your mates are doing"), aponta Lovett para a revista Q, explicando a pressão por trás dos privilégios de estar na banda. "Ninguém entra de cabeça para a música por dinheiro. Isso não leva a nada" A trajetória da banda procura lembrar os membros da banda passaram por momentos de dureza, de noites em locais pouco confortáveis, indo de lugar em lugar em vans, do jeito que pudiam. Dwayne acrescenta: "(...) Eu acho que as pessoas pensam que nós tivemos ajuda de alguém, algum nepotismo dado por alguém, que foi fácil para nós chegarmos até aqui. O que é muito injusto. Nós dormíamos em vários locais. Como qualquer outra banda, como Oasis fizeram. Nós não somos tão diferentes." A pressão por serem uma das maiores bandas do planeta nos dias de hoje pesam nas criticas que são feitas a banda, desde que buscam sucesso a todo custo, que inventaram uma moda - da proliferação de bandas de folk-rock, como The Lumineers e sons como o do sucessivo massivo do DJ Avicii, "Wake Me Up". O que os Mumfords trouxeram nada foi a presença de uma energia poderosa, em canções que falam de coisas banais da vida, com um folk dançante e sem intensão de causar tanto, como explica o vocalista que leva o nome da banda.





Sobre se o novo disco não seria um risco grande demais para a banda que hoje já tem repousado em suas estantes diversos Grammys e Brits, um sucesso massivo no Reino Unido, a ponto do primeiro-ministro David Cameron elogiar a banda, a ponto de considerar sua banda favorita. E um sucesso tão imenso quanto nos EUA. Marcus responde na lata a Q: "É muito difícil fazer um album destacar-se, sem algum impulso que chame a atenção", e completa: "Mas isso aqui tem que ser sobre canções no fim, não?" Sem duvida, e aqui não resta duvida da grandiosidade da banda ao conseguir por detrás de um natural estranhamento após abandonarem a sua marca principal, que é o folk e os banjos e embarcarem para o rock'n roll, fazer de forma a continuar mantendo a essência de belas letras e profundas por meio de sons que só duram como o tempo. E não só por uma noite selvagem em uma cidade.


Logo a primeira faixa do álbum, 'Tompkins Square Park', referencia a um famoso parque em Manhattan, mostra uma sonoridade que vai crescendo até chegar as guitarras dominando pesado. Com letras que falam de uma busca inscessante dentro de nós mesmos por lugares onde gostaríamos de estar, que estivemos um dia e que vamos talvez estar. "But no flame burns forever, oh no. You and I both know this all too well. And most don't even last the night. No they don't, they say they don't", fala Marcus Mumford proximo das derradeiras guitarras. Aos poucos, o album já te leva até o fim com a sensação de que tentou-se nos conduzir a diversos momentos de uma noite ou de uma vida. Em 'Believe', o primeiro single da banda, traz ainda uma aura da banda do passado, dando as guitarras aquilo que nos mostra que elas são bem vindas. Como em "The Wolf", mais pop, mas não menos dilacerante, acelerada e urgente. Outro parque de NY surge no album. A linda "Ditmas", é referencia ao Ditmas Park, no Brooklin. Todas as faixas do album se entendem ao final, e o resultado são letras que imprimem uma bela visão das ruas solitárias das grandes cidades, em busca de tantos sentimentos para nos preencher que tudo parece carecer de mais um pouco. Aqui a banda faz o disco mais ousado e bem vindo de 2015, e que só espera ser ouvido e observado.






Até mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário