sábado, 13 de julho de 2013

Who is Bowie?

Nos olhos de uma lenda.

Ao analisar por meio de textos, reportagens e biografias a obra de David Bowie, para compor esse post, senti que estava fazendo algo incompleto. Me pus a ouvir todos seus álbums para poder defini-lo da melhor maneira possível. Sua grandeza não se encontra simplesmente nas suas apresentações lendárias, na sua aparencia e modo como trouxe a tona o visual como um instrumento para criar um espetaculo a parte nos shows impecaveis que viria a fazer nos anos 70 e 80. Sua imagem iconica seja na figura dos seres Ziggy Stardust ou na de Alladdin Sane, tão importantes para definir uma era da música e das décadas, apenas incrementava a genialidade que se transpunham nas músicas que criava então. Bowie é conhecido por não gostar de ser chamado de "inteligente" ou "intelectual", numa clara demonstração de humildade talvez, ou mais precisamente de uma persona que é capaz de ser que é, sem precisar de rotulos ou elogios para ser o grande músico. As parcerias que teve durante os anos, seja na tão bem sucedida trilogia de Berlim, no qual vivenciou incriveis experiencias na capital alemã, ao lado do produtor Brian Eno, ou até mesmo na que teve inicio em "Space Oddity", ao lado do produtor de longa data Tony Visconti e que durou por durante boa parte de sua longa discografia, ajudaram a experimentar diferentes formas de sons e música. Que não somente o faria alcançar o sucesso, como conduziria a maneira o rumo da música dos anos que estariam por vir.

A base de sua capacidade de nos surpreender vêm no ritmo de seus experimentos músicas que trazia um misto de combinações fascinantes aos ouvidos, capazes de nos fazer perguntar: O que isso tudo significa? Mas de algum modo significava o talento nato expresso nas canções. Seu primeiro single de sucesso, "Life on Mars?", do disco "Hunky Dory" (1971), ao trazer o folk, em meio a pianos que deslizam suavemente até crescer meteoricamente em um som singelo e belo. O perfeito modo de se exemplificar sua genialidade vem a seguir em canções como a imensa "Starman", do disco que o tornou célebre, o inicio de sua fase andrógina, "The Rise and Fall Of Ziggy Stardust And the Spiders From Mars" (1972), acompanhada pelas guitarras de Mick Ronson, companheiro de longa data de Bowie. Um hino sem sombra de dúvida. Ao perambular por esses sons, paro para observar o fato de que são eternas pela forma como as fez, canções com uma identidade própria, numa mistura ritmos majestosos e que impressionam.


Sua imensa discografia daria um bom post aqui, e que até posso vir a fazer, mas preciso ater ao minha proposta aqui hoje. O álbum Reality (2003), seria o ultimo do músico em dez anos, por ocorrencia de uma parada cardíaca que sofreu em 2004, o que o fez dar uma abrupta pausa em sua vida e uma reavaliação de suas prioridades, o que muitos fãs e mídia suspeitavam ser sua aposentadoria. Nada. Ele retorna agora em 2013, após ter permanecido por dois anos na surdina, e forçando todos ao seu redor no processo de criação do álbum, gravação chamar toda a operação de "O segredo". Em telefone, conversas e cotidiano das pessoas envolvidas. No seu aniversário, no dia 8 de janeiro, surgiu a noticia abrupta e inesperada que causou um espanto tremendo em todos. Bowie vai lançar novo álbum. E será em março. Ponto final. Bowie quis fazer o mistério todo para livrar todo o processo de expectativas. O primeiro single foi lançado no seu aniversário, a nostálgica "Where Are We Now?", junto do nome do novo álbum, "The Next Day". O que esperar desse retorno depois de dez anos. A surpresa que todos estaria para receber, eu vindo do futuro vou dizer aqui antes de tudo, é um disco que nunca soou tão original, atual e antigo na mesma dosagem, sem soar antiquado e sem ser pretensioso. Em outras palavras, um disco que mostra o quão vivo Bowie está.


Num belo misto de guitarras sonoramente delirantes e sons que trazem as loucuras e alienações de outrora, o novo disco de Bowie, "The Next Day" é um belo recorte de canções que atormentam e acalmam. Um bom momento para o músico que dá a volta por cima com tudo. O que é mais bacana é poder perceber a energia incrivel que ele despeja com uma vivida voracidade que não deixa de impressionar por um segundo sequer. Na linda e rockeira "The Stars (Are Out Tonight)", um hit daqueles que não tem como deixar escapar. É viciante na medida certa. A letra é outro amor a parte. Segue vendo: "(...)Waiting for the first move. Satyrs and their child wives. Waiting for the last move. Soaking up our primitive world. Stars are never sleeping. Dead ones and the living." E continua na esperança eterna do desejo. "And they know just what we doThat we toss and turn at night. They're waiting to make their moves. But the stars are out tonight" Outras diversas canções do album se mostram incriveis, como as batidas viciantes de "Love is Lost", e nas deliciosas letras dela. "Say hello to the lunatic men. Tell them your secrets. They’re like the grave. Oh, what have you done? Oh, what have you done? Love is lost, lost is love". A minha favorita ainda consegue ser outra. A faixa-titulo "The Next Day", de acordo com o produtor de longa data de Bowie, Tony Visconti, que assina esse album, a faixa nasceu assim como boa parte de outras musicas do album, de livros de historia medieval inglesa, disse ele numa entrevista a Rolling Stone. O refrão aterrorizante traduz bem o quão influenciaram os livros. "Here I amNot quite dying. My body left to rot in a hollow tree. Its branches throwing shadows. On the gallows for me. And the next day. And the next. And another day.". A romântica "Valentine's Day" é outra que me lembrou um pouco a fase do disco "Heroes" e cria um som com uma roupagem nova, numa composição bem acabada.

Bowie congelando em Nova York.

Mas talvez, por trás de todo o álbum, a bela "Where Are We Now?", é a que explica não só a fase do músico como a sua disposição em gravar esse disco. Olhando os mortos e vivos que passaram e não se encontram mais. Os momentos e experiencias que trazem a ele ao período em que ao lado de Brian Eno estiveram em Berlim gravando o que seria uma trilogia de álbuns, "Low" (1977), "Heroes" (1977) e "Lodger" (1978) Seja os discos gravados na época que redefiniram sua carreira, em meio a todos os experimentos sonoros foi um dos maiores percursores de uma música eletrônica que continuamente viria a influenciar o que seria produzido de rock e até mesmo no gênero pop da época. Esse período parece estar entre aquilo que mais sente recordações. O que pode ser notado inclusive pela capa do disco "The Next Day", uma copia do seu album da época, "Heroes", com uma faixa branca contendo os dizeres do titulo. Foram momentos de redefinição de si mesmo e de sua carreira. As letras da canção trazem bem isso. "Twenty thousand people. Cross Bose Brucke. Fingers are crossed. Just in case. Walking the dead. Where are we now?" E ao final dela, ele traz talvez aquilo que parece definir o que no derradeiro das coisas o que mais vale a pena, pode saber que sempre haveria a esperança e o sentimento de missão reconfortante de que tudo valeu a pena. "As long as there's sun. As long as there's rain. As long as there's fire. As long as there's me. As long as there's you."

O grande Bowie inspirou diversos músicos e bandas. Inventou novos generos musicais (Entre eles, além do mergulho na música eletronica que deu nos anos de Berlim, o "new wave" e o "new romantic" das fases do inicio dos anos 80, o folk psicodélico e as batidas africanas.). Foi o icone visual de uma geração e continua causando ainda em 2013. Um daqueles músicos para se reverenciar. Já que sempre haverá um espaço para o fazermos. Fica a minha torcida para que escreva mais album, já que não fará turnês e nem promoção do novo album, ficamos na expectativa.

Vários BOWIES...



Saxofone e Bowie. 

Bowie fazendo a maquiagem que seria capa do seu icônico álbum, "Alladdin Sane"

O andrógino e extraterrestre Ziggy Stardust. Um ser plastico e artístico.







O pequeno David Robert Jones.  Mal sabia que seria uma lenda da música.




Relampago! Na capa do disco "Alladdin Sane"

E seu mais novo disco, na integra.




O magro Bowie em seus tempos de Ziggy.

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